Por Mariane Del Rei, do Socialismo Criativo
Diante das articulações dos atos antidemocráticos previstos para o dia 7 de setembro, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) divulgou um documento sobre as manifestações bolsonaristas, na qual orienta que a militância não vá às ruas no Dia da Independência para evitar confrontos e sugere ainda que o campo democrático se organize em atos no dia 19 de setembro em uma Primavera Democrática, Ditadura Nunca.
O presidente do PSB Nacional, Carlos Siqueira, destacou que o povo brasileiro está farto do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem atribui a responsabilidade por ter piorado a qualidade de vida do povo brasileiro sob quaisquer critérios que se possa aferir ou imaginar.
“Além disso, os rompantes autoritários recorrentes do bolsonarismo deixam claro que a democracia corre perigo, evidência que tem mobilizado a imensa maioria da população em defesa das garantias e liberdades democráticas.”
Líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), foi nesta quarta-feira (1o) à tribuna reclamar do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que até o momento não se declarou contrário ao protesto bolsonarista marcado para o Dia da Independência com ataques ao Congresso e aos ministros do Supremo Tribuna Federal (STF).
Molon também explicitou a divergência dentro dos partidos de esquerda quanto à programação de atos da oposição para o mesmo dia, embora não tenha citado explicitamente o Grito dos Excluídos.
Argumentou que o presidente Jair Bolsonaro prepara “uma armadilha contra a democracia” com confronto entre manifestantes “para invocar as Forças Armadas” e defendeu que a oposição promova atos em outro dia.
“O presidente Carlos Siqueira soltou uma nota orientando para que a militância do PSB não participe dos atos do dia 7 de setembro para que não caiamos na armadilha que Bolsonaro prepara contra a democracia nesse país. Pessoalmente, eu adoto essa mesma posição, não apenas por ser do PSB, mas por achar que é a medida mais correta. Defendo que não participemos dos atos nesse dia. Que organizemos manifestações cheias, representativas em outro dia. Nesse dia, o que quer Bolsonaro e a parte mais irresponsável de seus apoiadores é o confronto, é o caos para invocar as Forças Armadas”.
7 de setembro tem propósito de intimidar os Poderes Judiciário e Legislativo
O documento dos socialistas comentou ainda sobre a convocação pelo presidente da República de manifestações no dia 7 de setembro, próxima terça-feira, em apoio causas flagrantemente antidemocráticas, como a intimidação dos Poderes Judiciário e Legislativo. Esse chamado do chefe do Executivo, diz a nota, produziu “uma viva indignação popular.”
Além disso, a nota apontou que diante do cenário de crise institucional desenhado até o momento, é preciso considerar que as manifestações contrárias ao presidente e seu governo são legítimas e fundamentadas, especialmente no que se refere a demonstrar que as forças políticas e sociais que o querem fora do poder são amplamente majoritárias, em meio à população brasileira.
“Cabe, no entanto, uma ponderação sobre a OPORTUNIDADE que deve ser feita com inteligência política e a partir de uma leitura tática. O fato inegável é que o bolsonarismo deseja o confronto, se move por ele e almeja a ocorrência de incidentes nas manifestações de 7 de setembro – pelo simples fato de que virulência fascista depende da invenção e rotulação de inimigos para se propagar.”
PSB orienta militância a não participar dos atos de 7 de setembro para evitar confronto
O PSB, portanto, orienta que, para evitar que o Dia da Independência se converta em pretexto para que a extrema direita promova a confrontação e pratique possíveis atos de violência, sua militância a não participe de atos de protestos neste 7 de setembro.
“Reiteramos que nossa posição não questiona a legitimidade das manifestações convocadas pelo campo democrático, que compreende instituições partidárias, movimentos sociais, centrais sindicais e entidades congêneres principalmente o Grito dos Excluídos.”
O documento pontua ainda que diante da longa história de serviços prestados à democracia brasileira pelo PSB e da responsabilidade enquanto instituição político-partidária, o partido se vê obrigado a afirmar o ponto de vista, em momento de tamanha gravidade da vida política nacional.
Primavera Democrática, Ditadura Nunca no dia 19 de setembro
O PSB salienta que considera essencial e estará pronto a mobilizar sua militância, simpatizantes e rede de interlocutores em benefício de ato de repúdio ao governo Bolsonaro em outra oportunidade. Sugere, inclusive, a realização de uma grande manifestação de todas as forças políticas democráticas, juntamente com as organizações da sociedade civil que se opõem a pretensões ditatoriais do presidente Jair Bolsonaro, no dia 19 de setembro que poderia ser denominada de Primavera Democrática, Ditadura Nunca.
Confira a nota na íntegra aqui.