A CPI da Covid espera receber nesta quinta-feira (02) o advogado Marconny Albernaz de Faria, suposto lobista da Precisa Medicamentos, empresa responsável por intermediar a compra da vacina indiana Covaxin junto ao Ministério da Saúde. Marconny apresentou atestado médico para não comparecer, mas o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o médico responsável deve cancelar o atestado.
Os senadores julgaram suspeito a longa dispensa de 20 dias que o advogado apresentou, concedida, segundo Marconny, pelo hospital Sírio Libanês, em Brasília, e decidiram entrar em contato com o hospital para confirmar a internação.
De acordo com Randolfe, o médico teria percebido uma "simulação" do lobista e, por isso, quis revogar a medida. Após a conversa com o médico, a CPI decidiu manter o depoimento do lobista.
Por conta da desconfiança, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, já se pronunciou e disse que recorrerá à Justiça para garantir que o depoimento aconteça.
Caso o depoimento ocorra, os senadores querem saber sobre a possível atuação de Marconny como lobista da Precisa Medicamentos e mais informações sobre o contrato de R$ 1,6 bilhão que seria fechado com a pasta da Saúde para a compra da Covaxin.
O governo decidiu cancelar o contrato após as denúncias de propina apontadas pela CPI.
Marconny também será interpelado sobre sua participação na venda de testes contra a Covid-19 ao governo de Jair Bolsonaro. Investigações realizadas pelo Ministério Público Federal, compartilhadas com a CPI, apontam que Marconny teria encaminhado mensagens com explicações sobre o suposto processo irregular na compra dos testes.
"A CGU aponta evidências de tentativa de interferência no processo de chamamento público para contratação direta de 12 milhões de testes de Covid-19 com a ajuda de Roberto Dias [então diretor de logística do Ministério da Saúde], para beneficiar a empresa Precisa Medicamentos. As mensagens reforçam as suspeitas sobre a atuação de Roberto Dias no MS e deixam claro existir de fato um mercado interno no Ministério que busca facilitar compras públicas e beneficiar empresas, assim como o poder de influência da empresa Precisa Medicamentos antes da negociação da vacina Covaxin", afirmou o senador Randolfe Rodrigues.
Envolvimento com filho 04 de Jair Bolsonaro
Senadores de oposição e independentes também querem saber do lobista qual o seu envolvimento com a família do presidente Jair Bolsonaro. A CPI da Covid obteve documentos que mostram que Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do presidente, recebeu ajuda de Marconny para abrir sua empresa de eventos.
Jair Renan Bolsonaro trocou pelo menos uma centena de mensagens com Marconny Albernaz, além de conversas ao telefone. Todas copiadas pelo MPF do Pará que foram enviadas à comissão.