O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chamou de “narrativa” os casos de falta de doses da vacina fabricada pela AstraZeneca em cinco estados do país (São Paulo, Rio Grande do Norte, Tocantins, Rondônia e Mato Grosso do Sul), onde há alguns dias foi necessário mesclar imunizantes de marcas diferentes para garantir a aplicação nos cidadãos. “Narrativa”, no jargão bolsonarista, é tudo aquilo que não corresponderia à realidade segundo a visão de mundo enviesada do grupo ideológico.
De acordo com a versão de Queiroga, os estados nos quais há falta da vacina são aqueles onde o Plano Nacional de Imunização (PNI) não foi respeitado. "Eu falei que quem adotasse esquemas diferentes do PNI não teria garantias de doses", disse.
No argumento do ministro, ter passado a vacinar pessoas fora do tempo seria a causa da escassez de doses da AstraZeneca, que segundo ele foram entregues em quantidade suficiente.
"Por conta disso (de aplicações fora do previsto no PNI) que surgem essas narrativas que falta dose. Na realidade, muitos já avançaram além (dos grupos etários previstos), e se avançaram é porque tinha doses", falou, com a habitual expressão utilizada como desculpa para tudo pelos bolsonarista.
Marcelo Queiroga aproveitou ainda para fazer uma coisa que também é bastante comum nas hostes de fanáticos que seguem o presidente Jair Bolsonaro, que é arrumar uma forma de atacar o estado de São Paulo e, por consequência, o governador João Doria.
"Por que em uma comunidade ribeirinha tem vacina e no principal estado do país não tem? É porque lá no Amazonas estão seguindo as orientações do Programa Nacional de imunização. Você pode ver: quem reclama? Quem são os reclamadores crônicos? E aí você verifica as publicidades que fizeram. Não foi o Ministério da Saúde que fez a publicidade (do avanço na vacinação)", provocou.