Por Eduardo Lima e Marcelo Hailer
O motoboy Ivanildo Gonçalves Dias, responsável pelo saque e depósito de R$ 4.743,693 de um total de R$ 117 milhões em movimentações atípicas da VTCLog, será o substituto do advogado Marcos Tolentino da Silva, que foi internado no Hospital Sírio Libanês nesta quarta-feira (1) com Covid e não poderá depor.
Tolentino é apontado como possível “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que deu garantia financeira de R$ 80 milhões em contrato firmado entra a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin.
Ivanildo é motoboy da empresa VTCLog, responsável por fazer a logística e transportar insumos, inclusive vacinas, para o Ministério da Saúde. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destaca que a empresa está “no centro dos escândalos de corrupção” envolvendo o Ministério da Saúde, que se tornou alvo de uma das principais linhas de investigação da CPI.
A informação, revelada inicialmente pelo Jornal de Brasília após consulta ao do Coaf (Comitê de Controle de Atividades Financeiras) que apontou as movimentações suspeitas. O motoboy teria sacado, em diversos momentos, o montante de R$ 4,7 milhões, sendo a maioria de saques em espécie e na boca do caixa.
O motoboy não precisará comparecer à CPI da Covid caso não deseje, já que a determinação do ministro do STF, Nunes Marques, permitiu que ele falte ao depoimento. Caso decida ir mesmo assim, a decisão também permite que Ivanildo fique em silêncio, sem responder nenhuma pergunta e sem o compromisso de dizer a verdade, não podendo ser preso por isso.
Na ocasião, Randolfe utilizou sua conta no Twitter para reagir com indignação à decisão do STF e prometeu entrar com recurso: "Pelo visto, a VTClog é realmente MUITO poderosa. Que segredos o motoboy esconde? Respeitamos a decisão do ministro Nunes Marques, mas iremos recorrer da decisão!".
Na ação impetrada ao STF na última sexta-feira, 27, o advogado Alan Diniz Moreira Guedes de Ornelas, responsável pela defesa do motoboy, utilizou o ofício da Ivanildo como justificativa para a movimentação de quase R$ 5 milhões: "sua função é de motoqueiro e, em decorrência disto, realiza todas as diligências que dependem de deslocamento, inclusive bancárias".