PSOL vai à Justiça contra manobra militar de Bolsonaro em Brasília: "Intimidação golpista"

Tanques e blindados serão estacionados em frente ao Palácio do Planalto nesta terça-feira (10) durante sessão da Câmara que analisará o voto impresso

Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão e integrantes das Forças Armadas (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O PSOL protocolou junto à Justiça do Distrito Federal, nesta segunda-feira (9), um mandado de segurança para impedir a manobra militar que o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e Jair Bolsonaro planejam em Brasília nesta terça-feira (9).

Antes da votação da PEC do Voto Impresso no plenário da Câmara – após a proposta ser rejeitada em Comissão Especial da casa -, o presidente vai aguardar a chegada de um comboio com tanques e blindados de guerra no Palácio do Planalto.

Por volta das 8h30, o comboio militar vai desfilar pelas avenidas na Praça dos Três Poderes e estacionar em frente ao Planalto, onde generais vão entregar a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, convites para a demonstração operativa da Operação Formosa.

Políticos e partidos da oposição têm interpretado o ato de Bolsonaro como uma tentativa de intimidação e até mesmo um ensaio golpista contra a iminente derrota do voto impresso na Câmara. O presidente tem defendido a pauta como forma de tumultuar o processo eleitoral, visto que ele já deu sinalizações de que não aceitará o resultado da eleição de 2022 caso perca o pleito.

"A informação de que haverá uma manobra militar amanhã na Esplanada dos Ministérios é grave. O PSOL decidiu entrar com um Mandado de Segurança na Justiça do DF para proibir qualquer presença de veículos ou tropas militares durante as votações no Congresso Nacional", disse o presidente do PSOL, Juliano Medeiros.

O ex-candidato à presidência e a prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), também comentou a ação de seu partido contra o desfile militar de Bolsonaro.

"O desfile militar em Brasília é uma provocação bolsonarista. Uma tentativa de intimidação na semana em que o Congresso pode pautar a farsa do voto impresso. A sociedade precisa reagir ao golpismo enquanto é tempo", escreveu em suas redes sociais.

"Lunáticos"

Quem também entrou na Justiça contra o ato militar atípico encampado por Bolsonaro no dia da análise da PEC do voto impresso foi o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

"Pedi à Justiça que impeça o gasto de recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso", informou o congressista.

"Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não. O Brasil não é um brinquedo na mão de lunáticos", completou.

"Covardia"

Vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura os erros e omissões do governo Bolsonaro no combate à pandemia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou o evento militar planejado pelo presidente como uma "tentativa de golpe".

O parlamentar disse ainda que o ato revela uma demonstração de "covardia" do chefe do Executivo.

"Alguns avisos ao Sr. inquilino do Palácio do Planalto: 1) Colocar tanques na rua não é demonstração de força, e sim de COVARDIA; 2) Os tanques não são seus, pertencem à Nação; 3) Quer tentar golpe Sr. @jairbolsonaro ? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia", escreveu em seu perfil do Twitter.