Alexandre Ferreira Dias Santini, ex-sócio do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) em uma franquia da Kopenhagen que, de acordo com o Ministério Público, serviu para lavar dinheiro no esquema de “rachadinha” do antigo gabinete do senador na Assembleia Legslativa do Rio de Janeiro (Alerj), se transferiu para Brasília e atualmente mora em um apartamento de um hotel vizinho ao Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República. Ele tem participado de encontros com lobistas e políticos nos quais, com frequência, se apresenta como representante dos “interesses” de Flávio.
De acordo com reportagem da revista Crusoé, ele também usa o nome do senador para “prospectar negócios”. A revista afirma ainda que seu número de telefone é compartilhado sem reservas por gente interessada em se aproximar, por algum motivo, do senador.
O endereço que ele declara é o flat de 46 metros quadrados que ocupa no hotel Golden Tulip, na vizinhança do Alvorada. O apartamento pertence a um consultor que presta serviços para o Fundo Nacional de Educação, o FNDE. No estacionamento do complexo, Santini guarda a SUV Jeep modelo 2021 que comprou já em Brasília – o carro, de 150 mil reais, foi registrado no departamento de trânsito local em julho deste ano.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirma que o nome de Alexandre Santini foi usado apenas para simular a divisão do investimento feito na franquia, cuja origem Flávio não teria como explicar. “Como Flávio e Fernanda (a mulher do senador) não possuíam fontes de receitas lícitas para custear sequer a metade do investimento para aquisição e operação da loja Kopenhagen, a informação de que o administrador Alexandre Santini teria dividido os custos do empreendimento pode ter sido falsamente inserida nos contratos com a finalidade de acobertar a inserção de recursos decorrentes do esquema”, dizem os promotores.
Os investigadores apontam Santini como “laranja” de Flávio. A Bolsotini – razão social da loja, uma junção dos sobrenomes de Flávio Bolsonaro e Alexandre Santini – foi usada para a lavagem de pelo menos 1,6 milhão de reais obtidos com a “rachadinha” no antigo gabinete do filho de Jair Bolsonaro na Alerj.
A denúncia do MP diz ainda que o empresário que vendeu a loja a Flávio e Santini declarou ter sofrido ameaças ao tentar denunciar que, sob nova direção, o estabelecimento passou a fraudar notas fiscais. A loja registrava a venda de produtos por valores abaixo do preço de tabela. Panetones que deveriam custar 100 reais, por exemplo, eram vendidos por 80, e a nota fiscal era emitida com valor maior. Tudo, dizem os promotores, para tornar mais eficiente o processo de lavagem de dinheiro.
Após o escândalo, Flávio Bolsonaro e Alexandre Santini abriram mão da franquia e atualmente, a loja é administrada pela empresa que controla a marca Kopenhagen. Quando a dupla se desligou do empreendimento, Santini aceitou assumir futuras dívidas que viessem a surgir.
Flávio recebeu quase o dobro dos lucros de Santini na loja de chocolates da Kopenhaen. Além disso, declarou uma retirada de valores 82% acima do que a própria empresa relatou à Receita Federal, conforme apuração do MP-RJ.
Flávio afirmou ter usado o dinheiro do encerramento das atividades da loja para pagar uma parte de uma mansão de 6 milhões de reais em Brasília.
Investigadores encontraram ainda indícios de que Santini seria um elo entre Flávio e Fabrício Queiroz. O nome de Santini aparece em um caderninho encontrado com Márcia Oliveira de Aguiar, a esposa de Fabrício Queiroz, que funcionava como uma espécie de agenda-guia caso Queiroz fosse preso, com números de celulares atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, ao próprio Flávio, à primeira-dama Michelle e a diversas pessoas ligadas à família.
A reportagem da Crusoé tentou falar com Alexandre Santini, mas ele desligou o telefone ao ser indagado sobre suas atividades em Brasília. Flávio Bolsonaro, perguntado se autorizou o ex-sócio a usar seu nome em reuniões de negócios na capital e se ambos mantêm algum tipo de parceria, limitou-se a defender Santini: “Alexandre Santini é um amigo de longa data e apenas em função dessa amizade tem sido alvo constante de devassas e perseguições injustas. Seus negócios são legítimos e dizem respeito apenas a ele”.
Com informações da Revista Crusoé