Manifesto de mais de 250 empresários, economistas e intelectuais assinado nesta quarta-feira (4) manda um recado bem claro para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido): o "Brasil terá eleições e os seus resultados serão respeitados".
O manifesto tem como objetivo repudiar os ataques de Bolsonaro à urna eletrônica e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.
O manifesto afirma ainda que a "sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias".
O documento é assinado, entre outros, pelos empresários Luiza Trajano (Magazine Luiza), Guilherme Leal (Natura) e Roberto Setúbal (Itaú); os economistas Armínio Fraga, Pérsio Arida e André Lara Resende; os líderes religiosos Dom Odilo Sherer (cardeal arcebispo de São Paulo) e Monja Coen; os médicos Raul Cutait, Drauzio Varella e Margareth Dalcomo; os ex-ministros José Carlos Dias, Pedro Malan, Paulo Vanuchi e Nelson Jobim; e os professores universitários Luiz Felipe de Alencastro e Candidato Mendes de Almeida.
"Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo. Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática", afirma o manifesto.
O texto ainda ressalta que "o princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos". "A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico", destaca.
Entidades pela democracia
Em audiência virtual com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, realizada no início da noite desta quarta-feira (4), seis importantes entidades que representam diferentes segmentos sociais entregaram ao ministro uma carta em que demonstram preocupação com os ataques de Jair Bolsonaro à democracia e manifestam apoio ao sistema eleitoral brasileiro.
Na carta entregue a Barroso, representantes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Comissão Arns (Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns), ABC (Academia Brasileira de Ciências), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), além de criticarem Bolsonaro, prestaram solidariedade ao ministro.
“Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje tratadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e de algo que nos é sagrado – o voto. Nesse sentido, ameaçar a não realização de eleições em 2022, caso o resultado das urnas possa vir a contrariar os interesses daquele que detém o poder, é ofensa grave que não se pode tolerar. Porque não são os políticos de plantão, nem grupos civis ou militares ligados a eles, que determinarão a integridade do processo eleitoral. Tal missão já está confiada à Constituição, guardiã maior da democracia”, afirmam em um trecho do documento.