A ministra Flávia Arruda (PL), da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, usou as redes sociais nesta quarta-feira (18) para compartilhar uma frase da filósofa feminista Simone de Beauvoir. Arruda integra o bloco do centrão e chegou ao governo em março.
Arruda compartilhou a seguinte frase da pensadora francesa: “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida".
Ainda que não tenha o selo de verificação, o "@FlaviaArrudaDF" é citado em postagens oficiais do governo, reconhecendo que o perfil é, de fato, manejado pela minista.
A postagem chamou a atenção nas redes porque Simone de Beauvoir está bem distante da "doutrina" de Jair Bolsonaro e seus seguidores. A autora foi um dos alvos de Sergio Camargo na "queima de livros" simbólica da Fundação Palmares. Impossibilitado de vender o acervo, o dirigente bolsonarista criou uma "sala da vergonha" para uma lista de publicações contrárias à ideologia oficial.
Bolsonaro, quando ainda era deputado, atacou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) por formular questão com base em passagem do livro O Segundo Sexo. “O sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões do ENEM (Exame Nacional do Ensino MARXISTA)”, escreveu Bolsonaro em sua página oficial no Facebook, em 2015. “Essa canalhada deverá ser extirpada do poder em 2018 com o VOTO IMPRESSO, ou antes, da mesma forma como o Congresso, em 02 de abril de 1964, cassou o comunista João Goulart", disse ainda.
Em novembro de 2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) resgatou a polêmica e usou o termo "feminismo ideológico". "Alguém com saudades de ENEM com questão sobre feminismo ideológico (Simone de Beauvoir) ou dicionário dos travestis?", tuitou.