Túlio Silveira, advogado da Precisa Medicamentos, bolsonarista e apoiador do “tratamento precoce” da Covid-19, é o depoente desta quarta-feira, 18, na CPI da Covid. Os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito suspeitam do envolvimento do advogado no caso de propina na compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
A comissão apura indícios de que Silveira tinha acesso a informações privilegiadas na pasta e participou da suposta falsificação de documentos por parte da empresa.
"Essa é uma das pontas soltas para concluirmos a investigação da CPI: aprofundar as investigações e os dados sobre a Precisa", disse o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na terça-feira.
A Precisa atuou como intermediária na negociação entre o governo brasileiro e o laboratório indiano Bharat Biotech para a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, ao custo de R$ 1,6 bilhão. O contrato foi suspenso após as denúncias virem a público graças as investigações CPI da Covid.
Túlio Silveira será questionado sobre as circunstâncias de sua participação com a Precisa na negociação, as suspeitas de tráfico de influência na pasta da Saúde e a rapidez com que o acordo foi quase fechado, com assinatura contratual em apenas três meses (entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021).
Situação bem diferente do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) com todas as outras vacinas disponíveis e que já estavam com todos os testes concluídos, diferentemente da Covaxin que não havia atingido nem mesmo os testes clínicos de fase 3 (última etapa do processo regulatório) e sem qualquer garantia de aprovação por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o advogado Túlio Silveira a ficar em silêncio quando a pergunta puder gerar prova contra si, mas será obrigado a dizer a verdade nas demais questões da sessão.
E amanhã, quinta-feira, será a vez de a CPI ouvir Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos.