No estilo bolsonarista de ser, o deputado federal José Medeiros (Podemos-MT) ofendeu a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), nesta terça-feira (17). No momento em que a ela começou a falar, Medeiros a mandou ir “se lascar”.
A parlamentar, então, rebateu dizendo que o deputado gostava de interromper mulheres. Em seguida, ele perguntou: “Você é mulher?”.
O fato ocorreu durante audiência de comissão conjunta que ouviu o ministro da Defesa, Walter Braga Neto. O depoimento foi para apurar supostas ameaças aos Poderes em função do voto impresso.
No começo da fala, Fernanda criticou declarações de Braga Netto: “Tem coisas que são inaceitáveis, peço um minuto e não vou passar do tempo, porque não costumo interromper a fala dos outros…”, disse. “Ela tá inscrita agora? É a vez dela?”, retrucou Medeiros.
A deputada, então, rebateu: “Acabaram de me passar a palavra, Zé Medeiros, tu adora interromper mulher. Te contenha aí”, respondeu. Medeiros prosseguiu com a grosseria: “Vai se lascar”. Vai tu”, devolveu Fernanda.
Em seguida, o bolsonarista continuou com a grosseria e soltou a pergunta ofensiva: “Você é mulher?”.
Segura, Fernanda não se abalou: “Eu sou mulher, mas não me intimido para homem que fala grosso e fica fazendo ameacinha. Vou falar!”.
“Inaceitável”
Fernanda, então, começou a falar, se dirigindo ao general Braga Netto: “Ministro, tem coisas que são inaceitáveis. O senhor vir aqui, defender a ditadura civil-militar, o senhor vir aqui dizer que não houve ditadura. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) ficou três anos preso, sendo torturado durante a ditadura civil-militar”, protestou.
“Nós tivemos mais de 490 pessoas, segundo a Comissão da Verdade, assassinadas. Recentemente, nós tivemos o relato da única sobrevivente da Casa da Morte, em Petrópolis. E o senhor vem aqui e reivindica esse legado, quando fala absurdos como esse”, acrescentou a deputada do PSOL.
“No final, fazendo uma ilação que se os Poderes não se ajustarem, aí fica ruim. Aí fica ruim se o povo brasileiro não se levantar e não se organizar para não aceitar ameaças golpistas. Tem coisas que são inaceitáveis. Defender o que o senhor defendeu aqui, 21 anos do silêncio dos fuzis, eu não aceito. Teve muita gente que lutou para que nós pudéssemos estar aqui e não é o senhor que vai apagar esse passado”, completou Fernanda.
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