Áudios de outubro de 2019, período em que Fabrício Queiroz ficou escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, em Atibaia (SP), revelam que Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, esposa e filha de Queiroz, se referem ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como "01".
Em um dos trechos revelados por Juliana Dal Piva, no UOL, Márcia afirma que o "01, o Jair, não vai deixar", em referência a um possível retorno de Queiroz para seu antigo cargo de assessor de Flávio Bolsonaro.
As mensagens entre Márcia e Nathalia ocorreram em 24 de outubro de 2019. No áudio, Nathália se queixa para Márcia e afirma que o pai é "burro", pois, mesmo escondido na casa de Wassef, Queiroz continuava a fazer articulações. Nesse trecho da conversa ela cita o presidente Bolsonaro.
"É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele", disse Márcia.
Márcia, a mulher de Queiroz, também afirmou que a vida de Queiroz naquele momento era como a de um preso. "Essa vida, a gente não tem que confiar em ninguém. Se bobear, nem na própria família. Ainda mais num caso desse daí. Ele [Queiroz] fala da política como se estivesse lá dentro trabalhando e resolvendo. Um exemplo que eu tenho, que parece. Parece aquele bandido que tá preso dando ordens, aqui fora. Resolvendo tudo."
"Ai Márcia, é foda, é foda. Quando tá tudo quietinho para piorar as coisas, vem a bomba vindo do meu pai. O advogado, o 01, todo mundo vai comer o cu dele. E ele ainda vai achar normal. Você conhece meu pai. Vai falar: 'não falei nada demais'. Sempre acha que não é nada demais."
Sem contato
O presidente Bolsonaro nega que tenha tido conversas com o antigo amigo desde que surgiu o escândalo das rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro, na Alerj, em dezembro de 2018.
Os áudios fazem parte da "Operação Anjo", que investiga o caso das rachadinhas no gabinete do então deputado estadual, Flávio Bolsonaro.
Em outubro do ano passado, Queiroz foi denunciado junto om o senador e outras 15 pessoas por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Queiroz era o operador de um esquema que desviou, pelo menos, R$ 6 milhões da Alerj.
Dos R$ 6 milhões, mais de R$ 2 mi passaram pela conta bancária de Queiroz e são oriundos de repasses feitos por outros ex-assessores de Flávio Bolsonaro.