O tenente-coronel da reserva do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, usou a experiência como funcionário da pasta e a boa relação com seu ex-chefe, Roberto Dias, para servir de lobista entre a Davati Medical Supply e o Governo Federal para a venda de 400 milhões de doses inexistentes de vacina da AstraZeneca contra covid-19.
O fato é indicado por áudios obtidos pelo Estadão que já estão em posse da CPI da Covid. As gravações foram entregues à CPI por Cristiano Alberto Hossri Carvalho, representante da Davati. A empresa, no entanto, não representava a farmacêutica e não possuía as doses.
Ouça abaixo:
Em um dos áudios, enviado no dia 3 de março, Roberto dá orientações a Carvalho: “Então, me faz uma gentileza, faz em nome do Roberto e manda naquele e-mail dele, do Roberto, né, e do DLOG. São dois e-mails que eu passei para o Dominghetti. Dele, Roberto, institucional, e do próprio departamento institucional. Entendeu?”, orientou Blanco, numa referência ao policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que também se apresentou como representante da Davati.
O segundo áudio também menciona Dominghetti. “Cristiano, só uma dúvida aqui. A representação não ia se dar por intermédio do Dominguetti? Ou eu entendi errado? É, porque aí no caso é você representando, né? Nessa carta, né?”
A mensagem de Blanco é posterior ao jantar em que, segundo Dominghetti, a cobrança de propina teria sido apresentada, em 25 de fevereiro. Foi o coronel quem levou Dominghetti ao local do encontro e estava à mesa quando o pedido de pagamento teria sido feito.
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