Cerca de uma semana após o ombudsman da Folha de S. Paulo, José Henrique Mariante, dizer que o leitor vai esperar sentado apoio do veículo ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o jornal decidiu publicar um editorial cobrando que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) delibera sobre o tema. O texto foi divulgado após o sucesso da jornada do #3J, que foi maior que a anterior, em junho.
O editorial, intitulado "Delibere, Arthur Lira", critica a "concentração demasiada de poder em funções singulares" e cobra que o presidente da Câmara "a deixar de lado o cinismo e dar satisfação à sociedade sobre gravíssimas acusações contra o presidente Jair Bolsonaro dormentes em seu gabinete".
"Essa pilha com mais de uma centena de petições não respondidas cresceu nesta quarta-feira (30) com a apresentação de uma extensa peça condensando diversas acusações de crime de responsabilidade. A iniciativa, que reuniu políticos de esquerda, centro e direita, lista uma impressionante quantidade de ofensas, por parte de Bolsonaro, à Constituição e à Lei 1.079, de 1950, que regula o impeachment", afirma o jornal, dando destaque ao superpedido de impeachment.
"Que Lira coloque seus argumentos em papel oficial, como é sua obrigação, e dê-se ao trabalho de refutar as imputações contra Bolsonaro. A procrastinação interesseira não serve ao país, só a quem mercadeja apoio a presidente fraco", finaliza a Folha.
Lira já criticou o conteúdo do pedido, mas nunca tomou a iniciativa de arquivar os processos. Caso opte por isso, há a possibilidade de uma mobilização da oposição pelo desarquivamento. Mantê-los engavetados favorecem apenas ao presidente Jair Bolsonaro.