Site permite pressionar Lira pela abertura do 'superpedido' de impeachment contra Bolsonaro

Plataforma criada por entidades que são signatárias do pedido fornece texto pronto para ser enviado por e-mail ao presidente da Câmara; confira

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Apesar do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter anunciado que não vai acatar o “superpedido” de impeachment apresentado nesta quarta-feira (30) por partidos, parlamentares e movimentos de diversas áreas do espectro político contra o presidente Jair Bolsonaro, os signatários da peça criaram uma plataforma online para que a população faça pressão sobre o parlamentar e, assim, o convença de abrir o processo.

Através do site "Superimpeachment", criado por entidades que subscrevem o pedido, qualquer cidadão pode enviar um e-mail ou mesmo fazer uma postagem no Twitter a Lira com apenas um clique. A plataforma já disponibiliza um texto pronto, apenas para ser assinado pelos internautas, que é automaticamente enviado ao presidente da Câmara.

"Deputado Arthur Lira. O Brasil está sendo destruído nas mãos de Jair Bolsonaro. Ninguém aguenta mais tantas mortes, tanta fome, tanto sofrimento, tanto racismo, tanta corrupção. Além de tudo isso, ontem ficou evidente que o Bolsonaro sabia do esquema de corrupção do Covaxin. É roubalheira que causou meio milhão de mortes. E enquanto você não toma uma atitude na posição de presidente da Câmara dos Deputados, você também é responsável pela continuidade dessa tragédia. Já são 121 pedidos de impeachment, vindo dos mais diversos lugares. A situação é tão grave que parlamentares normalmente adversários se juntaram para construir um único superpedido. Não se trata de ideologia, mas sim de conseguirmos manter no país um mínimo de dignidade humana. Deputado, abra o processo de impeachment! A cada dia são mais vidas perdidas, e mais devastação. Enquanto você não age, a culpa por isso também é sua", diz o texto.

No site, também é disponibilizada a cópia da íntegra da peça de pedido de impeachment contendo mais de 20 crimes de responsabilidade supostamente cometidos por Bolsonaro.

O 'superpedido' de impeachment

Parlamentares protocolaram na tarde desta quarta-feira (30), na Câmara dos Deputados, o “superpedido” de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de uma iniciativa histórica pois a peça que pede a retirada de Bolsonaro do poder é pluripartidária, reunindo deputados que vão de legendas da esquerda à direita.

O pedido, que contém 271 páginas, vem sendo construído desde abril e o texto foi elaborado pela Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD). Além de parlamentares, assinam o documento movimentos sociais, associações religiosas entre outras entidades da sociedade civil.

“Esse pedido é resultado de um esforço plural, de sistematização e aglutinação de forças políticas e sociais de diversas matizes (…) A Constituição deixa claro que aquele que atenta contra a a própria Constituição comete crime de responsabilidade. O atual presidente está em curso de 23 hipóteses de crime de responsabilidades previstas em lei. Por essas razões, forças de diferentes campos políticos estão conjugadas para que esse pedido seja admitido e se instaure o processo com as cobranças das responsabilidades devidas de um governo que destrói instituições”, disse, em coletiva de imprensa na Câmara logo após o protocolo do documento, o advogado Mauro de Azevedo Menezes, da ABJD.

Na coletiva sobre o pedido de impeachment, inclusive, parlamentares que estão em polos políticos opostos dividiram o microfone para pregar união contra Bolsonaro. “É algo histórico que está sendo feito aqui. É uma causa suprapartidária e supraideológica”, disse, por exemplo, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), ao lado de nomes como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão.

O “superpedido” protocolado na Câmara unifica os 124 pedidos de impeachment que já tinham sido apresentados e inclui inúmeros supostos crimes cometidos por Bolsonaro, que vão desde a compra e incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a cloroquina, passando pelo desrespeito às instituições e chegando até a fatos descobertos mais recentemente, como as denúncias de corrupção no contrato para a compra da vacina Covaxin e o suposto pedido de propina feito por integrante do Ministério da Saúde a uma empresa interessada em vender o imunizante Oxford/Astrazeneca.

“Essa é uma unidade contra a barbárie. É o momento de derrocada desse governo”, afirmou, na mesma coletiva de imprensa, Douglas Belchior, representando a Coalizão Negra por Direitos.

Confira a íntegra do superpedido de impeachment clicando aqui.