Políticos, parlamentares e dirigentes do PSOL reagiram a uma declaração de Jair Bolsonaro atacando o partido. Na manhã desta segunda-feira (7), em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, um presidente criticou o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo fato de ele ter acatado uma ação do PSOL e proibido despejos em imóveis e propriedades rurais durante a pandemia do coronavírus.
Ao fazer a crítica, Bolsoanaro disse que é "100% contra" tudo o que vem do partido. "O ministro Barroso aceitou agora uma petição do PSOL. Olha só a que ponto chegamos, né? De modo que quem invadiu terra ou está ocupando imóvel desde antes da Covid, pode ficar mais seis meses numa boa, tranquilo. É o fim da propriedade privada", reclamou o titular do Planalto.
“Eu, quando votava as coisas no Parlamento, levava em conta qual o partido do cara. A partir daí, eu começava a formar meu juízo. Se é do PSOL, 100% contra, não interessa qual é o projeto", continuou o presidente.
Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, então, respondeu: "Jair Bolsonaro já mostrou diversas vezes que vê o PSOL como um de seus principais adversários. Agora, acaba de atacar novamente o partido, graças à ação que proíbe os despejos e reintegrações durante a pandemia. Pra nós é motivo de orgulho que o genocida nos veja como inimigos".
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) concordou com o dirigente: "Isso aí, Juliano. Ficaríamos preocupados se ele nos elogiasse".
Já Guilherme Boulos, candidato pelo PSOL à presidência em 2018 e à prefeitura de São Paulo em 2020, disse que essa é a primeira vez que ele concorda com Bolsonaro. "Bolsonaro acabou de dizer que, se o PSOL está de um lado, ele está do outro. É a primeira vez que concordo com ele. E seguiremos do lado oposto, com muito orgulho!", escreveu em suas redes sociais.
"Ele disse isso ao atacar o PSOL e o ministro Barroso pela decisão de suspender despejos na pandemia. Parabenizo novamente o ministro pela postura humanitária. De Bolsonaro não se espera outra coisa a não ser o descaso com a vida dos mais pobres", prosseguiu o político.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), por sua vez, foi na mesma linha que a de Boulos: "Nós sempre fomos e seguiremos sendo a antítese do que esse genocida representa, com muito orgulho!".
Confira.
Proibição dos despejos
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, acatou uma ação protocolada pelo PSOL e, na última semana, suspendeu por seis meses ordens e medidas de desocupação de pessoas vulneráveis que já estavam nos locais antes de 20 de março, data em que foi decretado o período de calamidade pública, em consequência do coronavírus.
Assim, estão proibidas “medidas administrativas ou judiciais que resultem em despejos, desocupações, remoções forçadas ou reintegrações de posse de natureza coletiva em imóveis que sirvam de moradia ou que representem área produtiva pelo trabalho individual ou familiar de populações vulneráveis”, decidiu o ministro.
O despejo de locatários de imóveis residenciais em condição de vulnerabilidade também fica suspenso.
A ação do PSOL apontou a existência de uma quantidade expressiva de pessoas desalojadas e ameaçadas de remoção no país. O partido usou dados da Campanha Despejo Zero, que apontam mais de 9 mil famílias despejadas em 14 estados brasileiros, além de outras 64 mil ameaçadas de despejo.