A vereadora Professora Graciele (PT-MT), da cidade de Sinop, acionou nesta sexta-feira (4) o Ministério Público com uma representação em que ela pede proteção e a responsabilização dos autores de ameaças que vem recebendo.
Conforme noticiado pela Fórum na última semana, a petista passou a ser ameaçada por bolsonaristas da cidade após participar de uma ação política que espalhou pelo município 10 painéis publicitários (outdoors) com mensagens críticas ao presidente Jair Bolsonaro. A iniciativa foi capitaneada pela Associação Sinopense dos Patriotas e Cidadãos de Bem (Asibacipem), uma organização criada como um contraponto ao bolsonarismo, e contou com a participação, além da vereadora, da Liga da Mulheres, a Adufmat (sindicato dos professores da UFMT ), a Adunemat (sindicato dos professores da Unemat ) e o PDT local.
Já no final da última semana, apenas alguns dias após a instalação dos outdoors, a empresa responsável cedeu à pressão de ruralistas da região e retirou os painéis, sendo que alguns foram vandalizados. Mesmo assim as ameaças contra a vereadora e outras pessoas envolvidas na ação política não cessou.
"Fizemos a representação [no Ministério Público] para que as pessoas que fizeram as ameaças sejam responsabilizadas. Aqui há uma cultura muito forte das pessoas falarem o que querem e fazerem ameaças e ofensas nas redes, e a sensação que existe é de impunidade. A ideia é que as pessoas percebam que há um limite e que elas têm que se responsabilizar pelo que fazem e falam", disse Graciele à Fórum.
As ameaças contra a vereadora têm se dado, principalmente, em grupos de WhatsApp. Nas mensagens a que Fórum teve acesso, os participantes estimulam o ódio contra a petista, a acusam de usar verba de seu gabinete para a instalação dos painéis e afirmam que ela “não vai se criar em Sinop”. Eles ainda disparam imagens da vereadora afirmando que ela quer “destruir famílias”.
À reportagem, Graciele revelou a existência de mensagens ainda mais ameaçadoras, como "só matando" e "tem que eliminar".
"Os outdoors eram assinados por instituições, sindicatos, coletivos dos quais faço parte de alguma maneira. Acho que isso, somado ao fato de eu ser a única vereadora de esquerda aqui, fez com que eles concluíssem erroneamente que a autoria era minha. Então, começaram imediatamente [as ameaças] depois da instalação", explicou a vereadora.
Além da representação no MP, Graciele registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e ainda solicitou à Câmara Municipal que sejam feitas revistas em todos que entram na Casa "por conta da preocupação do que poderia acontecer". Ela revelou à Fórum, inclusive, que seu filho teve um momento de ansiedade devido as ameaças. "Ele dizia que não queria que acontecesse comigo o que aconteceu com a Marielle", contou.
"Acho uma lástima o que está acontecendo para o nosso país. Temos uma país muito diverso com relação a opiniões e as pessoas tem que ter direito de se manifestar. Vemos uma onda muito forte de violência. Infelizmente o Brasil perdeu um pouco os limites e parece que estamos em um cenário de ditadura", analisou ainda a petista.
Apoio do PT nacional
Em publicação nas redes sociais, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), informou que a legenda acompanha as investigações sobre as ameaças contra Graciele.
"Não temos medo de bolsonaristas! As investigações vão revelar a identidade desses criminosos e exigiremos das autoridades punição dentro do rigor da lei. Esses ataques à vereadora Professora Graciele (PT-MT) não ficarão impunes. Ditadura nunca mais e toda solidariedade à nossa vereadora", escreveu a dirigente.