Em sua fala inicial na CPI do Genocídio nesta quarta-feira (30), o bilionário Carlos Wizard fez um apelo emocional, dizendo que não compareceu à comissão por estar nos EUA com seu pai "velhinho" e com a filha, que estaria vivendo uma "gravidez de risco".
Wizard ainda gritou ao negar que participou do gabinete paralelo, que estaria municiando Jair Bolsonaro com informações negacionistas. E, ao final, disse que usará a prerrogativa concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de ficar calado diante das peruntas da CPI.
"A minha disposição em combater a pandemia e salvar vidas faz com que eu seja acusado a pertencer a um suposto gabinete paralelo, no qual afirmo aos senhores, com toda veemência, que jamais participei de qualquer governo paralelo, que porventura esse suposto gabinete paralelo existiu. Eu jamais tomei conhecimento ou tenho qualquer informação a esse respeito", disse Wizard.
"Jamais, em tempo algum, nunca participei de uma única sessão em privado, de uma reunião particular com o presidente da República", emendou Wizard, exaltando-se novamente. Diante das perguntas do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), o empresário insistiu que "reserva no direito de ficar em silêncio".
"Missionário"
Ao chegar ao Senado para depor à CPI do Genocídio, Wizard, exibiu um papel com referência ao versículo bíblico de “Isaias: 41:10”.
Isaías é um dos livros proféticos do Antigo Testamento da Bíblia. O versículo levado pelo empresário diz “por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa”.
Em seu discurso, recheado de citações bíblicas, Wizard fez questão de ressaltar sua "origem humilde" e, de forma arrogante, justificou sua fuga da CPI citando a gravidez da filha e indagando aos senadores: "Se a sua filha estivesse prestes a dar à luz o que você faria? Estaria presente ou ausente?".
A pergunta foi respondida rapidamente pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE): "Eu responderia à comissão".
Wizard ainda citou duas passagens bíblicas para justificar sua decisão "missionária" de seu mudar com a família para Roraima, onde conheceu o ex-ministro Eduardo Pazuello.
"E a pergunta é: o que fomos fazer em Roraima? E a resposta para essa CPI: é nós fomos acolher os refugiados venezuelanos que atravessaram a fronteira de seu país, um estado caótico, em busca de acolhimento".
Wizard ainda afirmou que foi convidado por Pazuello a contribuir com o Ministério da Saúde.
"Ele me liga em São Paulo: Carlos trabalhamos por dois anos acolhendo venezuelanos. O que você precisa Pazuello? Estou com a missão de combater a pandemia e salvar vidas. Eu disse: pode contar comigo em duas condições, eu quero servir como voluntário, empreendedor social, sem nenhum vínculo com o governo. Condição 2: quero servir de forma pró-bono, ou seja, sem remuneração. Ele disse: ok".