O restaurante Vasto que fica em um shopping de Brasília informou ao portal G1, nesta quarta-feira (30), que não tem mais as imagens que poderiam confirmar o suposto jantar de fevereiro deste ano em que o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria pedido propina para comprar vacinas de um representante da empresa Davati Medical Supply.
Segundo a gerência do estabelecimento, as imagens das câmeras de segurança são apagadas a cada 15 dias. O shopping onde fica o restaurante, por sua vez, informou também que as imagens de seu circuito interno são excluídas a cada 30 dias.
O restaurante em questão é parte do Grupo Coco Bambu, que pertence ao empresário bolsonarista Afrânio Barreira, que além de defensor do presidente Jair Bolsonaro também prega a favor do tratamento precoce e da cloroquina.
A denúncia
A denúncia, que veio à tona nesta terça-feira (29), foi feita à Folha de S. Paulo por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, que estaria interessada em vender ao governo 400 milhões de doses da vacina Oxford/Astrazeneca.
Segundo ele, a proposta de propina foi feita em um jantar em Brasília, em fevereiro, por Roberto Ferreira Dias, que foi indicado ao cargo no Ministério da Saúde pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A propina que Ferreira Dias teria pedido seria adicionar um valor de 1 dólar para cada dose do imunizante. A negociata não foi concretizada pois a empresa não teria topado o esquema.
Bolsonaro manteve diretor no cargo
Em outubro do ano passado, segundo reportagem da rádio CBN, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teria tentado demitir o diretor de logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, mas foi impedido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Pazuello chegou a assinar um despacho pedindo a demissão do diretor devido a denúncias que vieram à tona de que ele teria assinado contratos irregulares de compra de testes de Covid. Bolsonaro, no entanto, teria vetado a demissão de Ferreira Dias após ser influenciado por Davi Alcolumbre (DEM-AP), à época presidente do Senado.
No mesmo mês, Bolsonaro quis indicar Roberto Ferreira Dias ao cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e chegou a publicar o pedido de apreciação da indicação ao Senado no Diário Oficial da União (DOU), mas solicitou depois que o pedido fosse desconsiderado por conta das denúncias dos contratos irregulares dos testes de Covid.
Apesar da desistência em indicar Ferreira Dias para a Anvisa, Bolsonaro o manteve no cargo de diretor de logística do Ministério da Saúde e ele só foi exonerado nesta quarta-feira (30) após a notícia-bomba de que pediu propina para comprar vacinas.