Foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (30), a exoneração de Roberto Ferreira Dias do cargo de Diretor do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde. Dias foi acusado pelo representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, de ter pedido propina de 1 dólar por dose do imunizante da Oxford/Astrazeneca. O ato foi assinado pelo ministro Chefe da Casa Civil Luiz Eduardo Ramos na noite desta terça-feira.
A notícia da exoneração de Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, foi comunicada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à rede CNN Brasil.
Dias, que teria sido indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), foi acusado por Dominguetti Pereira em reportagem da jornalista Constança Rezende, na Folha de S. Paulo, de ter proposto a negociata em um jantar no dia 25 de fevereiro.
“Ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”, contou, adicionando que “majorar” o valor do imunizante seria, na prática, adicionar 1 dólar por dose.
A Davati atuaria como intermediária em uma compra de 400 milhões de doses da vacina Oxford/Astrazeneca, que acabou não sendo concretizada.
Barros, que é apontado como envolvido diretamente na negociata com indícios de corrupção na compra da Covaxin, negou participação na nomeação de Ferreira Dias.
“Em relação à matéria da Folha, reitero que Roberto Ferreira Dias teve sua nomeação no Ministério da Saúde no início da atual gestão presidencial, em 2019, quando não estava alinhado ao governo. Assim, repito, não é minha indicação. Desconheço totalmente a denúncia da Davati”, escreveu Barros em seu Twitter. Em outras palavras, o parlamentar responsabilizou Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, titular da pasta à época, pela nomeação do suposto corruptor.
O presidente da CPI do Genocídio, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que o representante da Davati será convocado a prestar depoimento na comissão na próxima sexta-feira (2).
Indicado por Bolsonaro
Em outubro de 2020, Bolsonaro tentou indicar Roberto Ferreira Dias para o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O titular do Palácio do Planalto chegou a publicar no Diário Oficial da União (DOU) a indicação, mas solicitou depois que o pedido fosse desconsiderado porque vieram à tona denúncias de que Ferreira Dias tinha assinado contratos irregulares para a compra de testes de Covid como diretor no Ministério da Saúde.
Rede Coco Bambu
A proposta de propina que Roberto Ferreira Dias foi acusado de ter feito a Luiz Paulo Dominguetti Pereira ocorreu durante jantar no restaurante Vasto, localizado no Brasília Shopping, região central da capital federal, no dia 25 de janeiro.
O Vasto é parte do Grupo Coco Bambu, que pertence ao empresário bolsonarista Afrânio Barreira, que além de defensor do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) também prega a favor do tratamento precoce e da cloroquina.
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