O presidente da CPI do Genocídio, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou na noite desta quarta-feira (30) que o depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que denunciou suposto pedido de propina do governo Bolsonaro para comprar vacinas, foi antecipado para esta quinta-feira (1). Pereira falará aos senadores da comissão a partir das 9h.
A princípio, nesta quinta-feira (1) seria sabatinado pela CPI Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a venda com indícios de irregularidades da Covaxin ao governo brasileiro. Maximiano, no entanto, conseguiu um habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para poder ficar em silêncio diante do colegiado. A cúpula da comissão, então, decidiu mudar o calendário e antecipar o depoimento de Pereira.
Se apresentando como representante da Davati Medical Supply, Pereira denunciou à Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (30), que sua empresa estaria interessada em vender ao governo 400 milhões de doses da vacina Oxford/Astrazeneca.
Segundo ele, a proposta de propina foi feita a ele em um jantar em Brasília, em fevereiro, pelo então diretor de logística do Ministério da Saúde , Roberto Ferreira Dias, que foi indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A propina que Ferreira Dias teria pedido seria adicionar um valor de 1 dólar para cada dose do imunizante. A negociata não foi concretizada pois a empresa não teria topado o esquema.
Bolsonaro manteve diretor no cargo
Em outubro do ano passado, segundo reportagem da rádio CBN, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teria tentado demitir o diretor de logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, mas foi impedido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Pazuello chegou a assinar um despacho pedindo a demissão do diretor devido a denúncias que vieram à tona de que ele teria assinado contratos irregulares de compra de testes de Covid. Bolsonaro, no entanto, teria vetado a demissão de Ferreira Dias após ser influenciado por Davi Alcolumbre (DEM-AP), à época presidente do Senado.
No mesmo mês, Bolsonaro quis indicar Roberto Ferreira Dias ao cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e chegou a publicar o pedido de apreciação da indicação ao Senado no Diário Oficial da União (DOU), mas solicitou depois que o pedido fosse desconsiderado por conta das denúncias dos contratos irregulares dos testes de Covid.
Apesar da desistência em indicar Ferreira Dias para a Anvisa, Bolsonaro o manteve no cargo de diretor de logística do Ministério da Saúde e ele só foi exonerado nesta quarta-feira (30) após a notícia-bomba de que pediu propina para comprar vacinas.