Como reação às críticas de parlamentares de oposição em razão da repressão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) contra povos indígenas nesta terça-feira (22), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reagiu criminalizando as mobilizações contra o Projeto de Lei (PL) 490/2007.
O PL 490 seria o quarto item da pauta da reunião da CCJ, mas foi cancelada a votação. O projeto é uma bandeira ruralista e bolsonarista que, se aprovado, na prática vai inviabilizar as demarcações e permitir a anulação de Terras Indígenas, que serão entregues ao garimpo, construção de estradas e grandes hidrelétricas.
Após críticas do deputado Alencar Santana (PT-SP), Bohn Gass (PT-RS) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) na tribuna da Câmara, Lira decidiu rebater com críticas ao movimento indígena, que está mobilizado desde o início do mês contra a tramitação do projeto.
"Eu não acho que seja coerente, por parte de qualquer Parlamentar ou de qualquer cidadão, impedir trabalhos e pautas legislativas desta Casa, sejam elas das Comissões, como é o Projeto 490, que está longe de vir a plenário, ou qualquer outro assunto de qualquer Comissão", afirmou.
"Então, na semana passada, só para ser fiel, existiram e chegaram aqui alguns representantes dos índios, invadiram o Congresso Nacional, subiram ao teto das cúpulas e ficaram usando algum tipo de droga, fumando e dançando aqui em cima. Com muita paciência, nós negociamos, e a mesma Polícia Militar, junto com a Polícia Legislativa, veio à Casa e recompôs a ordem para aquele momento", disse ainda, referindo-se a um episódio que teria ocorrido em 8 de junho.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, rebateu Lira. "Nós estamos defendendo que eles sejam ouvidos. Não houve audiência pública, não houve o debate sobre o tema. Não é assim que se faz a discussão de matéria tão importante. Reagiram a uma violência", afirmou.
O presidente da Câmara, no entanto, disse que não. "Não. Não reagiram, não. Quem provoca, às vezes, recebe também. Não quero ser nem tomar decisões precipitadas", declarou Lira.
Com informações de Poder 360 e da Câmara dos Deputados