Lula sobre marca de 500 mil mortos por Covid: "Isso tem nome e é genocídio"

Membros da CPI do Genocídio também divulgaram nota sobre a marca macabra: "Asseguramos que os responsáveis pagarão por seus erros, omissões, desprezos e deboches"

Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Lula foi às redes sociais, neste sábado (19), para comentar a marca macabra atingida pelo Brasil, que chegou às 500 mil mortes em decorrência da Covid-19, superando as piores previsões.

"500 mil mortos por uma doença que já tem vacina, em um país que já foi referência mundial em vacinação. Isso tem nome e é genocídio. Minha solidariedade ao povo brasileiro", escreveu o ex-presidente, enquanto milhões de pessoas estão nas ruas para protestar contra o governo de Jair Bolsonaro e sua omissão com relação à pandemia.

Lula, inclusive, incentivou as pessoas a comparecerem aos atos, mas se disse indeciso sobre ir por não quer transformar as manifestações em um "ato eleitoral".

Os membros titulares da CPI que apura as omissões de Bolsonaro na pandemia, a CPI do Genocídio, também divulgaram nota conjunta para comentar a marca de 500 mil mortes.

"Meio milhão de vidas que poderiam ter sido poupadas, com bom-senso, escolhas acertadas e respeito à ciência. Asseguramos que os responsáveis pagarão por seus erros, omissões, desprezos e deboches. Não chegamos a esse quadro devastador, desumano, por acaso", diz um trecho da nota.

Confira, abaixo, a íntegra.

https://twitter.com/randolfeap/status/1406347366953848838

Meio milhão de vidas perdidas

As piores previsões se concretizaram. O Brasil bateu, no início da tarde deste sábado (19), a marca macabra de 500 mil mortes em decorrência da Covid-19. O número é atingido enquanto a maior parte do mundo começa a voltar ao “normal” com vacinação avançada e após mais de um ano de medidas restritivas.

No Brasil, entretanto, o atraso do governo Bolsonaro em adquirir vacinas, bem como o incentivo do presidente às aglomerações e ao desrespeito ao uso de máscaras, faz do país um perigo sanitário. Dados compilados pelo consórcio de veículos de imprensa apontam que neste sábado (19) o Brasil chegou a um total 500.022 mortos e 17.822.659 casos confirmados da Covid desde o início da crise sanitária. Até o final do dia, esses números deverão ser ainda maiores, já que há secretarias de Saúde que ainda não reuniram seus dados de infecções e óbitos nas últimas 24 horas.PUBLICIDADE

Em sua live da última quinta-feira (17), não contente em promover aglomerações e boicotar a vacinação, Jair Bolsonaro chegou ao ponto de incentivar mais infecções em detrimento da imunização. “Eu já me considero, me considero, não, eu estou vacinado, entre aspas. Todos que contraíram o vírus estão vacinados, até de forma mais eficaz que a própria vacina, porque você pegou o vírus para valer. Então quem contraiu o vírus, isso não se discute, está imunizado”, disparou o presidente.

É mentira. Já está provado por cientistas e especialistas de todo o mundo que pessoas que já se infectaram podem sofrer novas infecções, inclusive mais severas e que podem levar à morte. A única solução para a crise global é a adoção do distanciamento social e a vacinação em massa, o que não ocorre no Brasil.

Para se ter uma ideia do tamanho do descontrole da pandemia no Brasil, as primeiras 100 mil mortes foram registradas 5 meses após o primeiro óbito, enquanto a marca de 500 mil foi alcançada apenas 51 dias após o país chegar aos 400 mil óbitos.