O médico virologista Paolo Zanotto, integrante do "ministério paralelo", grupo acusado de munir o presidente Jair Bolsonaro com orientações negacionistas na pandemia do coronavírus, enviou um áudio de 11 minutos para outros médicos no qual ele questiona a eficácia das vacinas contra Covid-19 e defende o "tratamento precoce" contra a doença.
A mensagem foi divulgada pelo jornal Metrópoles nesta segunda-feira (14). Nela, Zanotto chega a debochar da CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. “Vamos supor que a vacina do ‘Chin Doria’ tenha tido algum bom resultado em fase 1. Você vai pra fase 2; na fase 2, você aumenta o grupo de pessoas (…). É impossível, de janeiro até agora, a gente ter dados razoáveis”, afirma.
O áudio foi enviado ao grupo uma semana antes da reunião de um grupo de médicos, entre eles Zanotto e Nise Yamaguchi, com Bolsonaro. O encontro com o presidente ocorreu no dia 8 de setembro em uma sala de reuniões do Planalto, pouco menos de um mês depois da Pfizer fazer a sua primeira oferta de vacinas ao governo brasileiro. No vídeo do encontro, há trechos explícitos do virologista desaconselhando a vacinação contra a Covid-19.
Na maior parte do áudio, Zanotto duvida da eficácia dos imunizantes contra a Covid-19. Ele chega a sugerir que o nome do grupo seja “anti-vaxxer”, termo em inglês para definir quem é contrário à vacinação. Em outro trecho, ele revela ter comparecido a uma reunião sobre a compra de vacinas.
O áudio é respondido pelo ex-assessor da Presidência, Arthur Weintraub. “Grande doutor Paolo, tudo bem? Tentei te ligar agora, mais tarde tento te ligar de novo, mas também deixei contigo aí o endereço de e-mail do nosso gabinete", afirma.
Arthur ainda se coloca à disposição para que o governo Bolsonaro custeie estudos contrários à vacinação. “Qualquer proposta, ou indicação de necessidade para custeio de pesquisa e tudo, normalmente a gente vai pelo caminho de editais, mas, em alguns casos em especial, a equipe pode avaliar. Então, já em um primeiro momento, poderiam mandar para o gabinete e eu oriento aqui”, diz Weintraub.