A microbiologista Natalia Pasternak, presidenta do Instituto Questão de Ciência e pesquisadora da USP, será uma da das especialistas que vão participar dos debates da CPI do Genocídio sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19, que não possui eficácia comprovada. Contrária ao método, a bióloga é crítica ferrenha da gestão do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia.
"Agora foi confirmado, mas ainda não recebi definição de data e instruções", disse Pasternak em mensagem publicada no Twitter sobre sua convocação à CPI.
Na sessão da comissão desta quarta-feira (26), ficou decido pelos senadores que serão realizadas duas sessões específicas para tratar sobre o chamado "tratamento precoce". Em cada ocasião, serão convidados 2 pesquisadores contrários e 2 representantes favoráveis ao método ineficaz defendido por Bolsonaro.
Em um dos requerimentos apresentados na comissão, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu o convite argumentando que "a convidada conhece a situação brasileira e as políticas públicas que deveriam ter sido aplicadas. Por ser microbiologista, acadêmica e cientista de grande respeitabilidade nacional e internacional, certamente contribuirá para que os integrantes desta Comissão possam avaliar os fatos com a profundidade que merecem".
Os demais nomes, que partirão de indicações dos senadores, ainda não foram divulgados.
Pasternak é crítica ferrenha da atuação de Bolsonaro diante da pandemia e já deu diversas declarações que ganharam destaque no último período. “A cloroquina não faz a menor diferença, além do risco cardíaco que ela traz. Esse exemplo [de Bolsonaro] é muito preocupante. As pessoas podem entender que o presidente passa bem por causa da cloroquina e isso não procede”, afirmou durante entrevista ao Jornal Nacional, em julho de 2020. Na ocasião, o presidente disse que a droga o havia curado da Covid.
"O presidente da República tem a audácia de dizer que ele está sentado em cima de um cheque de R$ 20 bilhões. Então, eu gostaria muito de dizer ao senhor presidente da República que, por favor, retire o seu traseiro de nosso dinheiro e use para comprar vacinas”, disse Pasternak durante uma de suas participações no Jornal da Cultura.
A cientista criticava uma fala feita pelo mandatário em fevereiro sobre ter um cheque de R$ 20 bilhões para comprar vacina.