Em 24 agosto de 2020, o presidente Jair Bolsonaro promoveu um evento chamado "Brasil Vencendo a Covid" no Palácio do Planalto com a presença de cerca de 10 mil médicos defensores de tratamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. A cerimônia pode ser a chave para entender um dos pontos investigados pela CPI do Genocídio: o "gabinete paralelo" do governo Bolsonaro.
Conforme destaca reportagem do jornalista Sam Pancher, do portal Metrópoles, a gravação da cerimônia, exibida pela TV Brasil, expõe que Arthur Weintraub, assessor-chefe adjunto da assessoria especial do presidente e irmão do ex-ministro da Educação, teve um papel central na realização daquela atividade. Teria sido ele o responsável por conectar o Planalto com os médicos negacionistas.
"A partir de fevereiro, como assessor do presidente, comecei a entrar em contato com os médicos que tenho referência, o Dr. Luciano Azevedo, a Dra. Nise, o Dr. Paulo Zanotto", disse Weintraub em discurso.
No evento, além de Azevedo e Weintraub, ganharam espaço no palco o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), o jornalista Alexandre Garcia, a médica 'cloroquinista' Raissa Soares, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco e Bolsonaro.
A missão foi dada por Bolsonaro ao assessor, que não tem formação na área de saúde, da seguinte maneira: “Magrelo, você que é porra louca, vai lá e estuda isso daí". Isso foi revelado por ele durante live com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Nessa mesma transmissão, ele falou sobre a tentativa de mudança da bula da hidroxicloroquina.
A hipótese da existência de um "gabinete paralelo" que orientava Bolsonaro sem fundamentação científica e fora das vias regulares do governo ganhou força a partir dos depoimentos da CPI.
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