A comitiva liderada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo que foi à Israel conhecer o spray nasal EXO-CD24, chamado por Jair Bolsonaro de “remédio milagroso” contra a Covid, já conta com seu valor acumulado em mais de R$130 mil aos cofres públicos.
Dados obtidos pelo deputado federal Ivan Valente junto ao Ministério da Defesa através da Lei de Acesso à Informação mostra que os gastos dos cinco militares enviados para acompanhar o grupo custaram US$ 6,5 mil aos cofres públicos, o equivalente a R$ 32 mil. Os gastos incluem apenas hospedagem em hotel, diárias e salas de apoio.
"Os gastos com diárias dos militares envolvidos, cinco tripulantes, um Major, dois Capitães e dois Sargentos, totalizaram US$ 6.510,00, que abarcam custos com deslocamentos, hospedagens e alimentação", disse Valente à Fórum.
O custo do transporte da comitiva, feito pela Força Aérea Brasileira (FAB), não foi revelado. A Defesa alega que esses valores "estão classificados no grau de sigilo 'Reservado', pois são considerados estratégicos por envolverem aviões militares". No entanto, essa justificativa não especifica a motivação de acordo com o que prevê a LAI.
Em abril, o parlamentar já havia obtido informações com o Ministério das Relações Exteriores sobre essa viagem. Os valores chegavam a R$ 100 mil. “Em resposta a nosso requerimento via LAI, revelou-se que gasto da comitiva de Ernesto Araújo chegou a 100 mil reais, sem contar o transporte da FAB. O spray nasal ainda em testes foi o pretexto furado. O dinheiro público foi torrado com palhaçada”, disse Ivan Valente à Fórum na ocasião.
O montante de agora é adicional ao que foi relatado anteriormente. Ou seja, entre os valores que foram divulgados, já se somam R$ 130 mil em uma vigem que não trouxe nada concreto para o país até o momento. A comitiva voltou ao Brasil sem nenhum contrato ou mesmo uma carta de intenções para a compra do produto.
Durante boa parte da viagem, a comitiva, que contava não só com membros do Itamaraty, mas com deputados como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Negão (PSL-RJ), teve que ficar confinada em um hotel devido às medidas restritivas do governo israelense contra o contágio do coronavírus. Os representantes do governo brasileiro não conseguiram nem mesmo visitar o laboratório que desenvolve o tal spray, como estava inicialmente programado.