O relator da representação contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no conselho de ética da Câmara, que julga um comentário do parlamentar sobre o retorno do AI-5 no Brasil como forma de reprimir a esquerda, votou nesta segunda-feira (5) pelo arquivamento do processo.
Para o deputado Igor Timo (Podemos-MG), não há justa causa para que o processo seja admitido. A oposição, no entanto, discordou da decisão e pediu vista do relatório.
"O relatório de Igor Timo é uma vergonha. Um salvo conduto para a extrema-direita que ameaça as liberdades democráticas", afirmou a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS). A informação é da Folha de S.Paulo.
As declarações do filho do presidente foram dadas em entrevista à jornalista Leda Nagle, em 31 de outubro do ano passado. Eduardo disse que, se o Brasil tivesse protestos como os que ocorriam no Chile, seria necessário uma "resposta" como um "novo AI-5", referindo-se ao ato institucional criado na Ditadura Militar que determinou o fechamento do Congresso e a suspensão da garantia de habeas corpus no país.
“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou o parlamentar.
Um soldado e um cabo
O comentário de Eduardo Bolsonaro sobre o retorno do AI-5 não foi a única ameaça do deputado ao regime democrático. Em outubro de 2018, ele disse que bastaria mandar "um soldado e um cabo" para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta segunda, durante reunião do conselho de ética, ele disse que a fala foi feita em "tom jocoso".
"O que ocorreu foi que, numa palestra dada para alunos de concurso público, eu fiz em tom jocoso uma brincadeira parafraseando o presidente Jânio Quadros, que em certa medida falou 'por alguns segundos, pensei em fechar o Congresso e ter-me-iam bastado um cabo e dois soldados'", declarou Eduardo.