A Casa Civil, pasta comandada pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, enviou uma lista para as secretarias executivas de 13 ministérios com 23 possíveis acusações e críticas à atuação do governo de Jair Bolsonaro no combate à pandemia e que podem ser citadas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, apelidada pela oposição de CPI do Genocídio.
“Será entregue em meio físico na Secretaria Executiva dos Ministérios envolvidos o documento com temas selecionados no intuito de que respondam, desde já, com as ações realizadas. As respostas dos ministérios devem ser entregues em meio físico na SAM/CCPR até o dia 23/04 (sexta-feira às 18h)”, diz o e-mail encaminhado às 13 secretarias executivas das pastas. A lista foi revelada pelo UOL, no domingo (25).
O documento cita a negligência do governo na compra de vacinas, promoção de tratamento precoce contra a Covid-19 sem comprovação científica, militarização do Ministério da Saúde, minimização da gravidade da pandemia e ausência de incentivo à adoção de medidas restritivas para reduzir o contágio pela doença.
A lista também cita a acusação sobre o governo ter recusado 70 milhões de doses da vacina da Pfizer, ter gerado o genocídio de indígenas e disseminado fake news "por intermédio de seu gabinete do ódio".
A CPI deve ser instalada na terça-feira (27) para investigar a conduta do governo Bolsonaro na pandemia. O presidente, no entanto, já tem se antecipado às críticas dizendo que “acertou todas” na crise sanitária, apesar das inúmeras declarações minimizando a doença, além de ter promovido aglomerações e incentivado o uso de medicamentos que não tem eficácia contra o vírus.
Sem máscara, o presidente voltou a provocar aglomerações na manhã do sábado (24), na região administrativa da Ceilândia, epicentro da pandemia da Covida-19 no Distrito Federal. No dia anterior, inaugurou um centro de Turismo em Manaus, evento que estava lotado com apoiadores do mandatário. O objetivo do lançamento do centro foi, segundo o presidente, “resgatar o turismo do Amazonas”.
Há poucos meses, o estado enfrentava colapso no sistema de saúde por conta da pandemia, com hospitais sem oxigênio e doentes precisando ser transferidos para receber atendimento em outras regiões do país. O Amazonas, que teve de contar com a ajuda da Venezuela, não recebeu visitas de Bolsonaro na época para prestar solidariedade às vítimas da Covid-19 e à população amazonense.