“Não vamos aceitar intimidações”, diz Boulos, alvo da PF por “ameaçar” Bolsonaro com base na lei da ditadura

O líder do MTST destacou que a Lei de Segurança Nacional, resquício da ditadura, “vem servindo ao governo para perseguir e tentar calar aqueles que denunciam suas ações imorais e ilegais”

Boulos - Foto: Divulgação
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O coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos (PSOL), divulgou uma nota para responder à intimação que recebeu da Polícia Federal (PF) para depor em inquérito aberto para investigá-lo por “ameaçar” Jair Bolsonaro, com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), resquício da ditadura militar.

Ele afirmou que continuará “fazendo todas as críticas a ele e a seu governo de forma pública e direta. Não vamos aceitar intimidações”.

“Fui surpreendido com uma intimação para depor em um inquérito aberto pela Polícia Federal, a mando do Ministério da Justiça, por supostamente ter cometido um 'crime contra a segurança nacional' ao fazer um comentário sobre Bolsonaro no Twitter há exatamente um ano”, disse Boulos.

“Tornei-me, assim, mais um dos opositores ao bolsonarismo a ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional, este resquício da ditadura, que vem servindo ao governo para perseguir e tentar calar aqueles que denunciam suas ações imorais e ilegais”, prosseguiu.

Ironia

Boulos ressaltou que chega a ser irônico que ele esteja sendo alvo de um inquérito policial por suspeita de ter ameaçado o presidente, ao ter feito um comentário rebatendo a afirmação de Bolsonaro: “Eu sou a Constituição”. “Esta frase, sim, representa uma ameaça às instituições e à ordem constitucional no nosso país”.

“Prestarei depoimento na próxima quinta-feira, dia 29, na sede da PF em São Paulo. Seguirei cada vez mais determinado na oposição a Bolsonaro, fazendo todas as críticas a ele e a seu governo de forma pública e direta. Não vamos aceitar intimidações. Não vão nos calar”, completou Boulos.

Entenda o caso

Há um ano, em abril de 2020, após participar de um ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, em que os manifestantes pediam intervenção militar, Bolsonaro disse: “Eu sou a Constituição”, declaração alusiva à frase atribuída a Luís XIV, rei da França, no século 17: “O Estado sou eu”.

Em resposta, Boulos escreveu: “Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina…”.

Bolsonaro ficou irritado e o deputado José Medeiros (Podemos-MT), aliado do presidente, representou contra Boulos no Ministério da Justiça. O titular da pasta, André Mendonça, determinou que a PF abrisse inquérito e, agora, intimou Boulos a depor.