Vereadores de Sorocaba entram no MP contra prefeito bolsonarista por uso de tratamento precoce

Prefeitura diz que teve 99% de sucesso com uso da Ivermectina contra Covid. Vereadora Iara Bernardi (PT) afirma, em entrevista exclusiva à Fórum, se tratar de uma “barbaridade”

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Quatro vereadores de Sorocaba, no interior de São Paulo, entre eles Iara Bernardi (PT), entraram, nesta quarta-feira (14), com uma representação no Ministério Público de São Paulo contra a prefeitura da cidade, por veiculação de material divulgando “sucesso de 99% de eficácia no tratamento precoce contra a Covid-19”.

A prefeitura de Sorocaba, que é governada pelo bolsonarista Rodrigo Manga (Republicanos), afirma em suas redes sociais, usar no estudo Azitromicina e Ivermectina, medicamentos que não tem eficácia comprovada contra o coronavírus, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A prefeitura diz ainda que realiza o protocolo de tratamento precoce desde o dia 19 de março, em 123 pacientes. Após a denúncia dos vereadores, a postagem da prefeitura foi alterada três vezes. O documento publicado no site oficial também foi alterado.

“A OMS já deve estar sabendo disso, porque 99% de eficácia é fantástico, né?”, disse irônica a vereadora Iara Bernardi, em conversa com a Fórum. “Eu já respondi questionamentos do Brasil inteiro hoje sobre isso”, afirmou. A vereadora lembra ainda que “a prefeitura já havia anunciado que tinha ganho esses medicamentos, que não estava gastando dinheiro com esses kits, mas até agora não esclareceu de onde vieram esses medicamentos. Nós acionamos o MP, que deu uma resposta vaga com relação a isso”, afirmou

Iara Bernardi se espantou: “agora veio essa barbaridade que está provocando escândalo no Brasil inteiro. Nós anexamos isto à denúncia que já fizemos anteriormente. Tem dois artigos do código penal aqui: o 283, que é charlatanismo e o 132, que é expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”, alerta. “É uma barbaridade isso aqui, a prefeitura até agora ainda não se manifestou, não explicou esse estudo pseudocientífico, eu diria fake mesmo. Não há grupo de controle, objeto de estudo, observação controlada do cenário. Eu sou bióloga, então entendo um pouco disso. Não há estudos preliminares, quem foram os pesquisados, a idade, nada disso. Publicaram e pronto”, adverte.

O documento, segundo a veredora, será mandado também para a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e para a Associação Médica Brasileira (AMB). Além de Iara Bernardi, assinam o documento Fernanda Garcia (PSOL), Francisco França da Silva (PT) e Salatiel dos Santos Hergesel (PDT).

Leia aqui a representação completa:

Após as denúncias dos vereadores a prefeitura alterou três vezes o post. Também foi alterado o conteúdo da matéria no site. Veja abaixo as postagens da prefeitura: