Ivan Valente descobre que Araújo gastou R$100 mil em viagem a Israel: "Dinheiro público torrado com palhaçada"

Comitiva brasileira liderada pelo ex-chanceler, que foi a Israel para conhecer o "spray milagroso" contra a Covid, voltou ao Brasil sem sequer ter assinado intenção de compra

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A viagem atrapalhada de representantes do governo brasileiro à Israel, liderada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo no início de março e que tinha por objetivo conhecer o spray nasal EXO-CD24, chamado por Jair Bolsonaro de "remédio milagroso" contra a Covid, custou ao menos R$100 mil aos cofres públicos.

A descoberta foi feita pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), que recebeu a tabela de custos da viagem, por parte do Ministério das Relações Exteriores, através da Lei de Acesso à Informação (LAI). Os gastos incluem apenas hospedagem em hotel, diárias e salas de apoio. O custo do transporte da comitiva, feito pela Força Aérea Brasileira (FAB), não foi revelado.

"Em resposta a nosso requerimento via LAI, revelou-se que gasto da comitiva de Ernesto Araújo chegou a 100 mil reais, sem contar o transporte da FAB. O spray nasal ainda em testes foi o pretexto furado. O dinheiro público foi torrado com palhaçada", disse Ivan Valente à Fórum.

Viagem não trouxe nada

Há meses Bolsonaro vem tentando desviar a atenção de sua ineficiência no combate à pandemia afirmando que está negociando a compra do que ele chama de “spray milagroso”, que não tem eficácia comprovada contra a doença do coronavírus. A viagem à Israel teria como objetivo conhecer essa e outras tecnologias em teste contra a doença do coronavírus.

Os representantes do governo, no entanto, voltaram para o Brasil sem nenhum contrato ou mesmo uma carta de intenções para a compra do produto.

Durante boa parte da viagem, a comitiva, que contava não só com membros do Itamaraty, mas com deputados como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Negão (PSL-RJ), teve que ficar confinada em um hotel devido às medidas restritivas do governo israelense contra o contágio do coronavíurs. Os representantes do governo brasileiro não conseguiram nem mesmo visitar o laboratório que desenvolve o tal spray, como estava inicialmente programado.

E não parou por aí. O “passeio” foi marcado pelo fato do ex-chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, ter sido repreendido em público em evento com representantes do governo israelense por estar sem máscara.