O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as medidas de isolamento social rígido (lockdown) em sua live presidencial realizada nesta quinta-feira (4). Mais cedo, o mandatário já havia feito discurso contra as restrições. Nesta quinta, o Brasil registrou 1699 mortes diárias por Covid-19, segunda maior marca desde o início da pandemia.
"Rapidamente, o conselho regional de medicinado DF é contra o lockdown. Pessoal que gosta de falar em ciência… Tá aqui o CRM dizendo que é contra o lockdown", disse o presidente.
Bolsonaro leu trecho da nota e repercutiu a fake news contida na nota, de que David Nabarro, enviado especial da OMS, teria dito que “lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres”. Essa declaração nunca ocorreu.
O que parece é que o CRM se baseou em um título de uma matéria do portal Forntliner, afeito à extrema-direita, para tirar suas conclusões.
Nabarro, de fato, questionou o uso de lockdowns como método inicial de combate à Covid-19, mas defendeu que a medida seja adotada em casos de maior gravidade. Após o presidente Donald Trump usar a fala de Nabarro para dizer que estava certo em sua política de (não) combate à Covid-19, o pesquisador disse o seguinte ao Kaiser Health News: “Meus comentários foram tirados totalmente de contexto. A posição da OMS é consistente”.
A OMS possui uma sessão em seu site oficial em que defende que os lockdowns podem reduzir a transmissão do Sars-Cov-2 e que há lugares que não tem outra opção além dele.
Além disso, a argumentação da nota é muito semelhante à do presidente e de seus apoiadores.
Na live, o presidente ainda leu outros papeis que, em tese, confirmariam suas teses difundidas sem base científica e disse: "Vão chegar à conclusão que eu não errei nenhuma". O Brasil é o segundo maior em número de mortes por Covid-19, com 260,9 mil óbitos.