Jornalistas com acesso direto a fontes do Palácio do Planalto afirmam que decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações e devolveu os direitos políticos ao ex-presidente Lula, foi o principal motivo do rompimento definitivo de Jair Bolsonaro (sem partido) com o comandante do Exército, sargento Edson Pujol.
Via general Fernando Azevedo e Silva, então ministro da Defesa, Bolsonaro teria cobrado de Pujol uma manifestação à lá Eduardo Villas Bôas, mas Pujol se recusou a entrar em um embate público sobre uma decisão da corte.
Em 2018, o então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas foi ao tuite ameaçar o STF um dia antes do julgamento de um habeas corpus que poderia devolver a liberdade ao ex-presidente Lula.
"Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", tuitou Villas Bôas, que depois confirmou que a declaração foi dada com a anuência do alto comando das Forças Armadas.
Segundo a colunista Andreia Sadi, da Globo, "a situação entre Bolsonaro e Pujol foi ficando insustentável nas últimas semanas, quando o presidente passou a cobrar postagens nas redes sociais de defesa do governo tanto do general Fernando quanto do comandante do Exército. Nas palavras de um interlocutor dos militares, 'um perfil parecido com o de Villas Bôas'".
Thais Oyama segue a mesma linha no portal Uol e cita um assessor palaciano: "O presidente esperava um posicionamento e ele não veio".
"Pujol, embora crítico da decisão que tornou Lula ficha-limpa, tomada no dia 9 de março pelo ministro Edson Fachin, se recusou a endossar qualquer manifestação pública contra ela. Seu superior imediato, o agora ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, por sua vez, disse ao presidente que não poderia obrigar o comandante do Exército a fazer o que ele, Bolsonaro, desejava, e que uma tomada de posição do Exército naquele momento poderia lançar as Forças Armadas num terreno perigoso", diz a colunista do Uol.