Um dos fatores que pesou para a queda do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, teria sido a recusa dele e das Forças Armadas em emplacar a decretação de um Estado de Sítio pelo presidente Jair Bolsonaro. O mandatário chegou a aventar a possibilidade na última semana, em resposta às medidas restritivas adotadas pelos governadores estaduais diante da pandemia de Covid-19.
Segundo o colunista Ricardo Kotscho, do Uol, a recusa no apoio à medida autoritária pretendida por Bolsonaro levou à queda do ministro, que estava desde o início do governo no posto, nesta segunda-feira (29). O presidente queria que houvesse pressão dos militares para a aprovação de um estado de exceção no Congresso Nacional.
"Há várias semanas o capitão já vinha preparando o terreno para adotar essa medida extrema, ao fracassar no combate à pandemia e anunciar que 'o caos vem aí'. Azevedo e Silva ainda tentou argumentar que as Forças Armadas são instituições de Estado e não de governo, mas o presidente estava decidido a tocar em frente seu plano para dar um autogolpe", diz Kotscho.
Logo após anunciar a demissão – solicitada por Bolsonaro -, Azevedo e Silva se reuniu com os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez.
O trio pode anunciar, coletivamente, a entrega de seus cargos. Eles estão reunidos em Brasília.
Quem irá substituir Azevedo Silva será o general Walter Braga Netto, que comandava o ministro da Casa Civil. Luiz Eduardo Ramos, ex-chefe da Segov, assume a Casa Civil. As mudanças fazem parte da remodelação ministerial realizada nesta segunda-feira, após forte pressão do centrão sobre o governo.