Em mais uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta segunda-feira (29), a defesa do ex-presidente Lula expõe mais uma série de diálogos obtidos na Operação Spoofing. Em uma das conversas, de 28 de junho de 2015, o então presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, detona o caráter político da força-tarefa ao afirmar que seria "impensável derrotar 'são' Lula" em grupo com lavajatistas.
"Lula eh franco favorito. Já disse. Enquanto não se discutir o meu nordeste será quase impossível derrotar o pt e praticamente impensável derrotar são lula (SIC)", diz Robalinho.
"Mas ver os vermes estrebuchando é interessante (SIC)", respondeu "Ailton" o procurador bolsonarista Ailton Benedito, que hoje atua na cúpula da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. "Por isso aprecio o sofrimento dos eleitores de Lula, sem comiseração", continuou, após Vladimir Aras expor que "nosso problema está muito mais no processo penal e na execução penal do que no direito penal", listando que "está além do crime: educação de qualidade, economia estável, políticas públicas em geral".
Diante da declaração de Benedito, Robalinho respondeu com um "Kkkkk". Ailton, então, continua: "Afinal, o sofrimento alheio é muito salutar".
"Oportuno registrar, neste passo, que a ANPR, embora seja uma associação de procuradores da República, emitiu diversas notas sobre processos específicos envolvendo o Reclamante — comportando-se naquela época como verdadeira assistente de acusação contra o Reclamante. A direção da época da associação também usou essas notas para atacar os advogados do Reclamante", diz a defesa de Lula na petição, listando uma série de artigos da ANPR atacando o ex-presidente e defendendo a força-tarefa.
Longe da presidência da associação desde 2019, Robalinho segue alinhado aos interesses da força-tarefa. Em entrevista em agosto de 2020 ao Jornal do Comércio, o procurador afirmou que "não há nenhuma irregularidade" na Lava Jato.
"Não há nenhuma informação que esteja nas mãos da Lava Jato, informações como quebras de sigilo telefônico, fiscal, bancário de cidadãos, que não foram fornecidas pela própria Justiça. O Ministério Público não tem poder de determinar esse tipo de quebra. As informações que estão nas mãos da Lava Jato foram sempre fornecidas pela Justiça", disse à época.