A demissão do general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa pode ser um movimento de Jair Bolsonaro que, sob pressão, deve entregar o Ministério da Casa Civil, um dos principais núcleos do governo, a algum nome indicado pelo centrão. Atualmente, a pasta é ocupada pelo general Braga Netto.
A pressão do grupo político também contribuiu para a demissão, mais cedo, do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
"Vai dar o centro do governo ao centrão, deslocando o general Braga Netto para a Defesa", disse à Fórum o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
Teixeira também avalia que Azevedo e Silva não teria topado "conviver com essa trapalhada", se referindo ao estímulo de bolsonaristas a motins de policiais militares.
Nos bastidores do Congresso, circulam informações de que, apesar de ter anunciado a saída do governo em nota, Azevedo e Silva teria entregado o cargo após exigência de Jair Bolsonaro.
"Alerta"
Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), a citação de Azevedo e Silva às Forças Armadas em sua nota liga um sinal de alerta.
"Chama atenção que o ministro da Defesa, em curta e direta nota sobre a demissão, tenha se referido à manutenção das Forças Armadas como 'instituições de Estado' em sua gestão. No mínimo, é indicativo de pressões em sentido contrário. Manter alerta em defesa da democracia é vital", escreveu o comunista em suas redes sociais.
Governo desmorona
Já o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) acha que a demissão do general é um sinal de que o governo Bolsonaro estaria desmoronando.
"O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, acaba de anunciar que deixará o cargo. Na nota, falou sobre a importância das Forças Armadas atuarem como instituições de ESTADO. Começa a desmoronar um dos principais pilares de sustentação de Bolsonaro", declarou.