Desde o início da pandemia, ataques a cientistas que produzem material que desagrada grupos radicais de apoiadores do governo se intensificaram e têm provocado a saída de alguns deles do país.
O fenômeno, de acordo com reportagem de Raphael Veleda, no Metrópoles, não é novo e nem restrito a pesquisas médicas. Entre os casos, está o da antropóloga e defensora dos direitos das mulheres Debora Diniz, da Universidade de Brasília, que em 2018 teve de deixar o país por causa de ameaças de morte.
A geóloga Larissa Mies Bombardi, da Universidade de São Paulo, lamentou em forte desabafo na última semana, ter de tomar a mesma decisão como uma das consequências de suas pesquisas sobre agrotóxicos.
Em outro caso, o infectologista Marcus Lacerda, que resolveu ficar no Brasil e coordenar, no início do ano passado, estudo sobre a eficácia da cloroquina contra o coronavírus, também sofreu perseguições.
Um movimento organizado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) promoveu ataques ao infectologista e colegas ligados à Fiocruz e à Fundação de Medicina Tropical em Manaus: “Estudo clínico realizado em Manaus pra desqualificar a cloroquina causou 11 mortes após pacientes receberem doses muito fora do padrão. Este absurdo deve ser investigado imediatamente. Os responsáveis são do PT. Mas isso é pura coincidência, claro…”, tuitou o filho do presidente da República, em 17 de abril.
Ameaçados até de morte, Lacerda e a família tiveram de circular com escolta. A polícia iniciou uma série de apurações para tentar descobrir os responsáveis pelos ataques. “Mas foram rapidamente arquivadas, não seguiram adiante. As que demoraram foram as investigações contra mim”, relata o infectologista em entrevista ao Metrópoles.
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