Deputado do PT diz que vai denunciar assessor de Bolsonaro por apologia ao nazismo

Filipe Martins, durante sessão no Senado, fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência a lema “white power” (“supremacia branca”)

Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

O deputado federal Alencar Santana Braga (PT-SP) anunciou, na noite desta quarta-feira (24), que vai denunciar o assessor internacional do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, por apologia ao nazismo.

"Assessor de Bolsonaro fez no Senado um gesto que é apontado pela Liga Antidifamação como símbolo do 'White Power', ideologia afim ao nazismo. @filgmartin vai responder por apologia ao nazismo, que no Brasil se enquadra no crime de racismo - Lei 7.716/89", escreveu Alencar em suas redes sociais.

https://twitter.com/AlencarBraga13/status/1374883773247012867

Mais cedo, durante audiência no Senado, Filipe Martins fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência a lema “white power” (“supremacia branca”). Esse gesto, que se assemelha a um “OK”, é classificado desde 2019 como “uma verdadeira expressão da supremacia branca” pela Liga Antidifamação dos EUA, segundo reportagem da BBC.

“Ele fez um sinal de supremacia branca enquanto arruma o terno. É muito difícil ele dizer que não sabe o que está fazendo. É um sinal de supremacia branca. É um sinal que é usado como senha em diversos grupos, como o Proud Boys”, disse à Fórum a antropóloga Adriana Dias, que é doutora em antropologia social pela Unicamp, pesquisa o fenômeno do nazismo e atua como colunista.

A cena ganhou repercussão nas redes sociais e foi apontada como mais um episódio em que figuras do governo Bolsonaro flertam com o neonazismo. Martins é seguidor do astrólogo Olavo de Carvalho e coleciona fotos com figuras da extrema-direita dos Estados Unidos, como Donald Trump e Steve Bannon.

“Um dos principais assessores de Bolsonaro, Felipe Martins, fez um sinal supremacista branco, um gesto que representa WP – White Power – ao fundo de uma fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Neonazistas entenderam muito bem a força disso. Resta saber se o senador também”, escreveu o jornalista Bruno Torturra, editor-chefe do programa Greg News.

Após a repercussão do gesto, Martins negou que tenha feito referência ao supremacismo, dizendo que estava “ajeitando a lapela o terno”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), mandou a instaurar um procedimento de investigação contra o assessor.