O deputado federal Alencar Santana Braga (PT-SP) anunciou, na noite desta quarta-feira (24), que vai denunciar o assessor internacional do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, por apologia ao nazismo.
"Assessor de Bolsonaro fez no Senado um gesto que é apontado pela Liga Antidifamação como símbolo do 'White Power', ideologia afim ao nazismo. @filgmartin vai responder por apologia ao nazismo, que no Brasil se enquadra no crime de racismo - Lei 7.716/89", escreveu Alencar em suas redes sociais.
Mais cedo, durante audiência no Senado, Filipe Martins fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência a lema “white power” (“supremacia branca”). Esse gesto, que se assemelha a um “OK”, é classificado desde 2019 como “uma verdadeira expressão da supremacia branca” pela Liga Antidifamação dos EUA, segundo reportagem da BBC.
“Ele fez um sinal de supremacia branca enquanto arruma o terno. É muito difícil ele dizer que não sabe o que está fazendo. É um sinal de supremacia branca. É um sinal que é usado como senha em diversos grupos, como o Proud Boys”, disse à Fórum a antropóloga Adriana Dias, que é doutora em antropologia social pela Unicamp, pesquisa o fenômeno do nazismo e atua como colunista.
A cena ganhou repercussão nas redes sociais e foi apontada como mais um episódio em que figuras do governo Bolsonaro flertam com o neonazismo. Martins é seguidor do astrólogo Olavo de Carvalho e coleciona fotos com figuras da extrema-direita dos Estados Unidos, como Donald Trump e Steve Bannon.
“Um dos principais assessores de Bolsonaro, Felipe Martins, fez um sinal supremacista branco, um gesto que representa WP – White Power – ao fundo de uma fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Neonazistas entenderam muito bem a força disso. Resta saber se o senador também”, escreveu o jornalista Bruno Torturra, editor-chefe do programa Greg News.
Após a repercussão do gesto, Martins negou que tenha feito referência ao supremacismo, dizendo que estava “ajeitando a lapela o terno”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), mandou a instaurar um procedimento de investigação contra o assessor.