O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) protocolou junto à procuradoria-geral da República (PGR), na segunda-feira (1), uma representação criminal contra o presidente Jair Bolsonaro. O petista quer que o órgão investigue o titular do Planalto por crime de responsabilidade e crime contra a saúde pública.
O motivo é o fato de Bolsonaro, mais uma vez, ter desrespeitado protocolos contra o contágio da Covid-19 ao promover aglomerações e ficar sem máscara durante visita ao Paraná na última semana. Na mesma semana, o presidente repetiu o desrespeito às regras sanitárias em visita ao Acre e ao Ceará, além de ter feito a mesma coisa, como de praxe, no Palácio do Planalto.
"Bolsonaro esteve no Paraná, em Cascavel e Foz do Iguaçu, sem máscara, promovendo aglomerações e a propagação do coronavírus. Fiz a denúncia também para evitar que ele prossiga com essas atitudes insanas. Temos que proteger a vida", disse Zeca Dirceu à Fórum.
Na representação encaminhada à PGR, Dirceu cita outras situações em que Bolsonaro desrespeitou regras de distanciamento e lembrou também que, em live realizada no dia 25 de fevereiro, data em que o país bateu a triste marca de 250 mil mortos em decorrência da Covid-19, o presidente pregou contra o uso de máscaras.
"Ora, a fala do Presidente, bem como o mencionado estudo, mais uma vez, contrariam as recomendações realizadas desde o ano passado pela OMS em relação ao uso das mascaras, já que funcionam como uma barreira para conter as gotículas potencialmente infecciosas. Ademais, tais posturas reforçam que desde o início da pandemia Bolsonaro comete crimes contra a saúde pública e incentiva para que os demais também o façam, questionando o isolamento, a ciência e a imunização da população", escreveu o deputado, que adicionou à ação fotos que mostram Bolsonaro aglomerando.
Confira a íntegra da representação aqui.
CPI da Covid
À Fórum, Zeca Dirceu afirmou ainda que é um dos que assinou o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que tem por objetivo investigar a conduta de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.
A nova explosão de casos da doença no Brasil, a superlotação de hospitais e a inércia do governo na aquisição e distribuição de vacinas tem feito a pressão pela abertura da CPI subir nos corredores do Congresso. O pedido já tem 30 assinaturas de parlamentares de diferentes partidos, mais que as 27 necessárias para a abertura da investigação no Senado. O presidente da casa legislativa, Rodrigo Pacheco, no entanto, tem tentado afastar a possibilidade de abrir a CPI neste momento.
"É evidente que Bolsonaro, Pazuello e várias outras figuras de Brasília estão cometendo ilegalidades, estão prevaricando, estão sendo omissos, irresponsáveis na condução do enfrentamento da pandemia", afirmou Zeca Dirceu.
"Isso tem que ter consequência. O Congresso tem que cumprir seu papel de investigar", complementou o petista.
Segundo o deputado, a instalação da CPI não serviria apenas para punir os responsáveis pelo agravamento da pandemia no Brasil, mas também para ser "um mecanismo político de pressão para que o governo aja, tenha atuação, faça aquisição de vacinas".
"Esse é o melhor caminho, não tenho dúvida nenhuma", pontuou o político.