A avaliação positiva do presidente Jair Bolsonaro e do governo federal na gestão da pandemia despencaram e estão no pior índice de rejeição desde abril de 2020. É o que revela a 8ª edição da Pesquisa Fórum, realizada entre 12 e 16 de março, em parceria com a Offerwise. A piora na avaliação coincide com o momento mais grave da crise sanitária, quando o Brasil atingiu recorde no número diário de mortes pela Covid-19.
Em abril do ano passado, a atuação do presidente na gestão da pandemia era considerada ótima ou boa por 38,9% dos entrevistados. Nesta edição, em março, apenas 23,2% responderam que a atuação de Jair Bolsonaro é positiva. Já o índice de avaliação negativa (ruim e péssimo), em abril, era de 35,4%. Agora, disparou e chegou ao recorde de 54,2%. Ou seja, mais da metade da população não concorda com a maneira negacionista como Bolsonaro tem lidado com a pandemia.
O índice regular se manteve estável, em abril de 2020 era de 23%, agora é de 20,7%. Pessoas que não souberam responder foi de 2,7% para 1,9%.
Já em relação à avaliação do governo federal na gestão da pandemia, a situação é parecida. Em abril do ano passado, um mês após o início da crise, 46,5% avaliavam a atuação ótima e boa. Nesse momento, o deputado Luiz Henrique Mandetta estava à frente do Ministério da Saúde, e concedia entrevistas coletivas diárias vestindo o jaleco do SUS. Aquela edição da pesquisa foi realizada antes da demissão do ministro. A pesquisa de maio mostra a avaliação positiva do governo despencando para 26,1%. O levantamento deste mês revela que somente 20,3% dos brasileiros consideram a gestão do governo ótima ou boa, justamente no momento em que Bolsonaro troca o ministro pela quarta vez em um ano, tirando um militar que levou o país ao desastre e recolocando um médico no seu lugar. Neste período, a avaliação negativa também subiu de 19,6%, em abril de 2020, para 53% neste março de 2021. O regular caiu de 30,5% para 23,8%. E as pessoas que não sabem responder ficaram em torno de 3%.
Nos gráficos da série histórica é possível observar que em agosto tanto o governo federal, quanto o presidente, se recuperam um pouco. O momento coincide com o pagamento do auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso e pago em quatro parcelas de R$600. Apesar do pior momento da pandemia, o governo federal ainda não iniciou o pagamento de novas parcelas do benefício, que agora deverá ser de R$ 150 (para quem mora sozinho) a R$ 375 (mães sozinhas com filhos).
Não é só a avaliação positiva da atuação da pandemia que despencou, pela primeira vez, na série histórica da Pesquisa Fórum, a avaliação positiva de Jair Bolsonaro também está abaixo dos 30% pela primeira vez. Em maio de 2020, o presidente tinha 32% de ótimo e bom, chegou a ter 37,5% em agosto, mas agora despencou para 26,9%.
Governadores caem, mas não tanto
Na avaliação dos governadores na gestão da pandemia também há uma queda no ótimo e bom, em abril era de 51,6%, e agora o índice é de 26,1%. Enquanto os que consideravam a atuação ruim e péssima eram 18,8%, em abril, agora, em março são 40,4%. Este percentual é menor que os do governo federal e presidente.
Jair Bolsonaro tem atacado os governadores na gestão da pandemia, critica medidas de isolamento adotadas por eles para conter o contágio e chegou a dizer: “O governador que fechar o seu estado, que destrói o seu estado, ele que deve bancar o auxílio emergencial”. Os governadores estão se mobilizando para comprar vacinas por conta própria.
Pesquisa inova com metodologia
A 8ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 12 e 16 de março, em parceria com a Offerwise, e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.
O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”
Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico.”
Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, entre outras”, acrescenta.