O Senado aprovou, nesta segunda-feira (15), um requerimento de convocação imediata do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para que ele forneça explicações sobre as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo no combate à pandemia e no plano de imunização.
A convocação vem em meio às notícias de que o general estaria deixando a pasta e, por isso, ao anunciar a aprovação do requerimento, o presidente da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado, Confúcio Moura (MDB-RO), informou que deverá prestar os esclarecimentos Pazuello ou o "substituto".
"Convido os senadores para a próxima reunião, a ser realizada quinta-feira, dia 18, às 9 horas, para ouvir o ministro da Saúde, preste bem atenção, Eduardo Pazuello, ou ele, ou quem vier a substitui-lo, para debater o Plano Nacional de Imunizações, o cumprimento dos respectivos prazos bem como as medidas de combate à pandemia", afirmou Moura.
Pazuello teria informado que deixaria o Ministério alegando problemas de saúde. Depois, no entanto, afirmou que está bem e que permaneceria no cargo até que o presidente Jair Bolsonaro decidisse o contrário. Para o seu lugar, ganhou força o nome da médica Ludhmila Hajjar, defensora do isolamento social e crítica de tratamentos defendidos pelo governo, como o uso da cloroquina. Ela desistiu de assumir o cargo, no entanto, após ser alvo de ameaças de bolsonaristas.
A pressão pela saída de Pazuello vem aumentando diante da disparada de casos e mortes em decorrência da Covid-19 e o colapso hospitalar já observado em diversas regiões do país, além do atraso no plano de imunização. O ministro já chegou, inclusive, a confundir remessas de vacinas e trocar o envio de doses entre estados.
Governadores
Também nesta segunda-feira (15), o Senado ouviu governadores sobre a situação da pandemia em seus estados. Na reunião, os mandatários estaduais rebateram a narrativa de Pazuello de que não há colapso hospitalar.
“Jovens com 18, 19, 20 e 25 anos sendo hospitalizados em UTIs. São Paulo tem a mais robusta estrutura hospitalar da América Latina, em hospitais públicos e privados. Já estamos chegando quase a 90% da ocupação de todos os leitos e rapidamente tendo necessidade de disponibilizar mais leitos. E o problema não é disponibilizar mais leitos: é não termos recursos humanos. Não há condição de formarmos profissionais para as ações em UTIs", afirmou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), relatou uma situação parecida. “Chegamos a ter apenas 300 pacientes com coronavírus internados no Maranhão em dezembro. Hoje vamos chegando a 2 mil novamente. Tivemos uma multiplicação por 6 em dois meses, praticamente. São 1.568 leitos estaduais para coronavírus, fora municípios e rede privada. Com ocupação girando entre 80% e 90% há várias semanas”, declarou.
Na mesma linha foi o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB): “Já estamos em 1.200 óbitos por semana, e, infelizmente, as projeções indicam que chegaremos a 2 mil óbitos por semana, porque, por mais que haja expansão de estrutura de atendimento, a expansão de estrutura de UTIs demanda equipes especializadas. São médicos intensivistas, anestesistas, fisioterapeutas que precisam ter a devida especialização para manusear os respiradores”.
*Com Agência Brasil e Agência Senado