Petições on-line abertas na plataforma Change.org pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já reuniram, desde 2019, mais de 626 mil assinaturas. São 66 abaixo-assinados com esse tema abertos no site desde o início de seu governo. Somente em 2021, de acordo com levantamento da plataforma, foram iniciados 18 pedidos. Desses, 15 foram abertos entre os dias 13 e 27 de janeiro. No mesmo período, por outro lado, apenas duas petições surgiram em defesa de Bolsonaro.
A maior das petições engaja, sozinha, mais de 294 mil pessoas. Já os que são contrários ao impeachment do presidente não chegam a reunir uma centena de assinaturas, segundo a plataforma.
“Estamos diante de uma situação onde o Presidente da República, desrespeita a Constituição, comete crimes de responsabilidade, coloca em risco o Estado Democrático de Direito e, infelizmente, a vida de milhares de brasileiros”, escreveu o autor da petição que reuniu mais apoios. Ele elenca crimes de responsabilidade que avalia que Bolsonaro cometeu desde que assumiu. E diz o objetivo do abaixo-assinado: “O que precisamos agora é mostrar aos deputados, que ainda não apoiam a abertura desse processo, que chegou a hora de fazê-lo. Já existe o clima político”.
Motivos
Entre os motivos elencados pelos promotores dos abaixo-assinados mais recentes, pós-pandemia do novo coronavírus, estão o impacto da postura negacionista do presidente em relação à doença. Falam ainda do que chamam de “boicote” ao plano de vacinação contra a Covid-19. O termo foi usado por um grupo de juristas, artistas e ativistas que enviaram uma representação ao procurador-geral, Augusto Aras, apontando crime de omissão de Bolsonaro no combate ao coronavírus.
Outro ponto indicado por defensores do impeachment como prova de irresponsabilidade na condução da pandemia é a recomendação do tratamento precoce com cloroquina – medicamento que não tem comprovação científica contra a Covid-19. E mais: a Organização Mundial de Saúde (OMS) não reconhece que exista tratamento precoce contra a doença. O Twitter chegou a marcar publicação do próprio Ministério da Saúde que tinha esse teor como “informação enganosa”.