Em entrevista ao UOL nesta sexta-feira (12), o ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Gilmar Mendes comparou a força-tarefa de Curitiba da Operação Lava Jato a um “esquadrão da morte”.
Durante a entrevista, o ministro fez críticas contundentes aos procuradores e ao ex-juiz Sergio Moro, e ao relacionamento estabelecido entre eles. E, ainda, ressaltou que vários atores do sistema judicial acabaram sendo levados a agir da maneira que interessava à “parceria”. E defendeu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja submetido a um novo julgamento, de forma justa.
“Acho tudo isso lamentável, todos nós de alguma forma sofremos uma manipulação disso que operava em Curitiba. Acho que temos que fazer as correções devidas, tenho dito e enfatizado que Lula é digno de um julgamento justo”, afirmou Gilmar Mendes.
“Independentemente disso, temos que fazer consertos, reparos, para que isso não mais se repita, não se monte mais esse tipo de esquadrão da morte. Porque o que se instalou em Curitiba era um grupo de esquadrão da morte, totalmente fora dos parâmetros legais”, afirmou.
Gilmar alertou ainda para o fato de que o “grupelho de Curitiba”, em suas palavras, representava uma ameaça à democracia. “Ao fim e ao cabo, havia um partido da Lava Jato. Eles estavam interferindo no processo político”, declarou.
Posicionamento frequente
Nas últimas semanas, Gilmar tem se pronunciado sempre de maneira contundente em relação à parceria Moro-Força Tarefa da Lava Jato. “Como nós deixamos isso acontecer no sistema judiciário?”, ele pergunta, repetidamente.
Na terça-feira (9), durante julgamento de pedido dos procuradores para que a defesa de Lula não tivesse acesso às mensagens obtidas pela operação Spoofing, ele leu trechos dos diálogos que evocavam acertos prévios para delações que incriminassem Lula.
Na audiência, ele pedia que a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques, que representava a força-tarefa, refletisse sobre o que estava dito. “Ou esses fatos não existiram, ou se existiram são de uma gravidade que comprometem a existência da PGR, doutora Cláudia”, disse.
Em outro momento, citou trecho em que Deltan Dallagnol conversava com interlocutor sobre um réu que seria transferido a um presídio com piores condições e, diante disso, havia concordado em delatar.
“Veja que tipo de gente nós produzimos, doutora Cláudia! Numa instituição como o Ministério Público! Estão ameaçando mandar para uma prisão de caráter precário e ele decidiu falar. Isso não tem nome, doutora Cláudia? Isto não é tortura não? Feita por essa gente bonita de Curitiba”, disse ele na audiência.
Veja a entrevista completa de Gilmar Mendes ao UOL aqui.