Flagrado em vídeo com maços de dinheiro em seu gabinete estadual, o presidente do PL no Maranhão, deputado federal Josimar de Maranhãozinho foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por comandar uma organização criminosa que fraudou recursos vindos em parte do orçamento secreto em um esquema de corrupção com prefeituras do estado.
Em denúncia encaminhada ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF diz que o deputado do PL, partido que abriga Jair Bolsonaro, cometeu os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa em um esquema de desvio de verbas da saúde.
O caso será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai avaliar se há elementos para denunciar o deputado bolsonarista.
Em outro vídeo captado pela PF com autorização judicial, Maranhãozinho diz que recebeu “9 milhões do Valdemar”. Segundo as investigações, o nome é referência a Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, que já foi condenado e preso por corrupção.
“Valdemar cumpriu certinho comigo (…) Sim, 9 milhões ele me deu”, diz Maranhãozinho.
A filmagem, feita com câmera oculta autorizada pela Justiça, aconteceu no dia 27 de outubro de 2020, durante as eleições municipais de 2020.
O deputado não explicou os R$ 9 milhões e disse que “os vídeos foram criminosamente vazados, sendo que, neste caso, foram pinçados trechos para distorcer a verdade dos fatos”.
Costa Neto afirmou que os recursos foram um repasse do fundo eleitoral às eleições municipais no Estado e enviou uma planilha.
O documento, no entanto, mostra que apenas R$ 4,9 milhões haviam sido transferidos até 27 de outubro de 2020, quando Maranhãozinho foi flagrado pela PF dizendo que teria recebido R$ 9 milhões do chefe da legenda.
Em outra gravação, no dia 21 de outubro, Maranhãozinho fala que “tem que pagar por fora” em uma reunião com marqueteiros para uma campanha eleitoral.
“Eu tenho…eu tenho…em espécie, agora, eu tenho duzentos. Aí, eu posso viabilizar pra ver se eu consigo sacar. Porque não dá para usar nota, aí, então, tem que pagar por fora mesmo”, diz.
Dinheiro do orçamento secreto
Segundo a investigação, parte do dinheiro desviado seria oriundo do chamado “orçamento secreto”, esquema de compra de votos que o governo implantou juntamente com Arthur Lira (PP-AL) no Congresso.
Maranhãozinho é investigado em ao menos dois inquéritos da PF sobre compra e venda de votos com emendas parlamentares.
Algumas negociatas foram feitas com as emendas do relator, controladas por Lira, que abastecem o chamado “orçamento secreto”.
O deputado receberia o dinheiro após destinar verbas de emendas parlamentares para municípios controlados por aliados.
Após receber o valor da emenda, os prefeitos contratam empresas ligadas a Maranhãozinho e devolvem, em dinheiro vivo, parte da verba, em um antigo esquema de corrupção nos currais eleitorais.