Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (4), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ironizou a provável candidatura de Deltan Dallagnol e usou o anúncio sobre sua saída do procurador Ministério Público (MP) para reforçar que a Proposta de Emenda à Constituição 05/21, que modifica a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pode ainda ser discutida e aprovada na Casa.
Em tom de ironia, Lira disse que não sabe se a PEC voltará à pauta da Câmara, mas afirmou que "não terminou o jogo ainda".
"Hoje teve um jogador importante que entrou no jogo, declarando que é candidato. Pode ser que isso reacenda o debate”, declarou, em referência a Dallagnol.
O texto substitutivo da PEC 5 foi rejeitado pela Câmara em outubro, mas Lira já havia afirmado que o texto original da proposta, de autoria de Paulo Teixeira (PT-SP), ainda pode ser colocado em votação.
A proposta, antes de ser rejeitada, sofreu alterações promovidas pelo relator Paulo Magalhães (PSD-BA). O texto do relator modificava a composição do CNMP, determinava a criação de um Código de Ética do MP e vinculava a escolha do Corregedor-Nacional ao Congresso, através da escolha de um nome dentro de uma lista quíntupla indicada pelos procuradores.
Quem comemorou a derrota da proposta foi justamente Dallagnol: “A PEC 5 acabou de ser rejeitada. É uma grande vitória da sociedade e dos parlamentares que desejam ver um Ministério Público forte, atuante e sobretudo independente”, tuitou o procurador. O ex-coordenador da Lava Jato foi um dos beneficiados pela inércia do CNMP: processo movido contra ele por conta do caso do ‘PowerPoint’ prescreveu após passar por 42 adiamentos.
Dallagnol candidato
Deltan Dallagnol, ex-coordenador da operação Lava Jato em Curitiba (PR), vai renunciar ao cargo de procurador do Ministério Público (MP) para se lançar na política.
Ele deve seguir os passos do ex-juiz Sérgio Moro e se filiar ao Podemos. Sua intenção seria disputar a eleição de 2022 para deputado federal.
O agora futuro ex-procurador é personagem central da série jornalística Vaza Jato, que desnudou articulações ilegais entre o MP e Moro para levar o ex-presidente Lula (PT) à cadeia e tirá-lo da disputa presidencial em 2018. Por conta dessas revelações, Dallagnol foi afastado da Lava Jato em setembro de 2020.
Em postagem nas redes sociais feita nesta quinta-feira (4), Dallagnol confirmou sua saída do MP e declarou: “Nossos instrumentos de trabalho para alcançar a Justiça têm sido enfraquecidos. Por isso creio que agora posso fazer mais pelo país fora do MP, lutando com mais liberdade pelas causas que acredito”.