O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) entrou com requerimento nesta quarta-feira (3) na Polícia Federal (PF) para que sejam apuradas as ameaças de morte ao jornalista da Fórum Marcelo Hailer após publicação de matéria sobre a operação da Polícia Militar de Minas Gerais, que deixou 25 pessoas mortas.
De acordo com Padilha, as agressões à imprensa do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) “abrem o porão daquilo recolhido no pós-ditadura militar: uma horda que não suporta uma imprensa livre, jornalismo investigativo e que quer multiplicar seus crimes enquanto agem nos escombros".
No requerimento, Padilha lembra que “as ameaças tiveram início na noite deste domingo (31) e se intensificaram na manhã desta segunda-feira (1). Uma das ameaças afirma que vai rastrear o endereço do jornalista, executá-lo e depois divulgar o vídeo nas redes. ‘Só espero que algum policial te ache e faça você explicar o porquê teria que ter algum policial morto’, diz um dos textos, que é respondido por outro usuário: ‘Pode ter certeza que faremos ele explicar direitinho. E depois postaremos o vídeo. Força e honra’".
“Em outra ameaça, é dito ao jornalista que tiros de fuzil serão dados ‘em sua cara’ e na ‘sua família’”, prossegue o texto e transcreve a ameaça: “Vagabundo, amante de bandido filho da puta, homossexual nojento, aidético. Pena que não sobrou tipo de fuzil na cara da sua família, viado maldito de merda”.
“Outro usuário”, ainda de acordo com o requerimento, “diz que gostaria de dar ‘oito tiros na cara’ do jornalista. “Lixo! Você é um desserviço como ser humano. Pena que moro em outra cidade, queria muito dar uns 8 tiros na sua cara. Viado nojento. Tua hora vai chegar”, encerra.
Eduardo Bolsonaro
Padilha lembra ainda que “as ameaças ganharam intensidade depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro comentou o assunto e criticou a cobertura da imprensa”.
O ex-ministro encerra o requerimento com uma justificativa pelo fato do caso ser encaminhado à Polícia Federal (PF): “em que pese a possibilidade desses fatos poderem ser enquadrados como crime de competência da justiça estadual, diante da repetição dessas ameaças, notadamente contra sites de comunicação de perfil mais críticos e de alcance nacional e, uma vez que as ameaças visam impedir o livre exercício da liberdade de expressão, constitucionalmente assegurada, requeiro a Vossa Excelência a abertura de procedimento no âmbito deste Departamento de Polícia Federal para apurar os fatos aqui relatados”.
Notas de repúdio
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Brasileira de Mídia Digital (ABMD) e o Grupo Prerrogativas divulgaram, nesta terça-feira (2), notas de repúdio contra as agressões e ameaças sofridas pelo jornalista Marcelo Hailer, da Fórum.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) irá investigar a operação das polícias Militar (PMMG) e Rodoviária Federal (PRF) que provocou um massacre com 25 mortos em Varginha (MG). Nenhuma das vítimas é policial.
Queima de arquivo?
Joaquim de Carvalho, jornalista do Brasil 247 e da TV 247, foi às redes sociais para divulgar suas suspeitas de que o massacre em Varginha (MG), operação policial que teve com saldo a morte de 26 suspeitos, tenha sido queima de arquivo. O detalhe é que nenhum policial ficou ferido.
Além disso, Carvalho se solidarizou com Marcelo Hailer, jornalista da Fórum, que vem sendo atacado por grupos bolsonaristas, apenas por denunciar o massacre policial.
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