A viagem de Estado que mais se assemelha a um passeio turístico do governo Bolsonaro aos países árabes, com passagens pelos Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrein, não para de render notícias embaraçosas. Só que desta vez, um episódio protagonizado pelo séquito de radicais bolsonaristas, revelado pelo ministro da Economia Paulo Guedes, gerou indignação.
Enquanto o Brasil vive a mais catastrófica crise socioeconômica da História, engatada na tragédia dos 612 mil mortos vítimas da pandemia, membros da comitiva presidencial, segundo o próprio Guedes, ofereceram clubes de futebol brasileiros para serem comprados pelos endinheirados xeiques árabes, propondo transações semelhantes às ocorridas em times como o New Castel, da Inglaterra, comprado por um fundo de investimentos saudita, e o Paris Saint-Germain, da França, adquirido por um bilionário da família real do Catar.
“Vários brasileiros da comitiva começaram a pensar, e eu pensei: ‘Vem ser sócio do Flamengo’. Aí tinha um outro lá do lado que era vascaíno e falou: ‘Não, vem pro Vasco’, e eu falei: ‘Vai perder dinheiro’. Aí tinha o outro que era palmeirense e falou: ‘Não, compra o Palmeiras’”, contou Paulo Guedes, às gargalhadas.
O ‘Posto Ipiranga’ de Jair Bolsonaro, que em meio ao caos econômico não apresenta qualquer plano de reestruturação para estancar a inflação, o desemprego e a crescente miséria que assolam o Brasil, chegou inclusive a dar detalhes sobre valores que seriam investidos por aqui.
“Ao final da nossa visita recebemos a pista, a insinuação, de que vamos receber mais U$ 10 bilhões de investimentos. Vão investir em estradas, em poços de petróleo, e vão investir até em clube de futebol”, anunciou.
Anunciada como uma visita de Estado para tratar de negócios, a milionária estadia dos brasileiros nas nações petrolíferas do Golfo Pérsico foi na verdade um show de selfies e de cliques turísticos. A mamata foi usufruída por dezenas de personalidades bajuladoras do presidente extremista brasileiro, que se esbaldaram nos dispendiosos programas de lazer, especialmente em Dubai, o destino preferido dos emergentes. Ao final da viagem ficou comprovado o caráter recreativo da comitiva, que não fechou qualquer negócio significativo com os árabes.