Ele está de volta. Depois de revelar ao mundo na última eleição presidencial a conspiração da URSAL, a imaginária União das Repúblicas Socialistas da América Latina, Cabo Daciolo (Glória 'Deux'), confirmou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto em 2022. Ele está filiado à legenda Brasil 35.
Daciolo, que é bombeiro militar da reserva no Rio de Janeiro, ficou conhecido nacionalmente após a greve da corporação de 2011, quando os servidores ocuparam o quartel general do órgão e acamparam nas escadarias da Assembleia Legislativa (Alerj). A paralisação teve grande repercussão, seus líderes, entre eles Daciolo, chegaram a ser presos e encaminhados para o Complexo Penitenciário de Bangu, para posteriormente serem expulsos do serviço público em 2012.
Anistiado em 2015 e com a decisão por reintegrá-lo à força estatual à qual fazia parte referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Daciolo foi promovido a sargento e passou à reserva remunerada. No entanto, ele já havia iniciado carreira política e tinha sido eleito deputado federal pelo PSOL, partido do qual seria expulso por incompatibilidade com a agenda da sigla.
Em 2018, filiado ao Patriotas, Cabo Daciolo disputou a Presidência da República, ficando na 6ª colocação, com 1.348.383 votos, à frente de figuras políticas como Marina Silva, Álvaro Dias e Guilherme Boulos. Só que a relativa notoriedade do militar da reserva não foi obtida por meio de uma plataforma política, mas sim por suas falas e atitudes inusitadas, para não dizer insólitas.
Durante um debate televisivo, Daciolo questionou Ciro Gomes sobre o temido e satanizado Foro de São Paulo e exigiu que o pedetista falasse o que sabia sobre o plano de instalar a URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina) no continente.
O candidato, que também é pastor evangélico fervoroso, sempre iniciava e encerrava suas intervenções com o bordão ‘Glória a Deus’ (com o som de ‘x’ bem pronunciado em seu sotaque carioca). Em certa ocasião, disse que “o problema do socialismo é a falta de amor”.
Ainda durante a campanha de 2018, quando disputou o Palácio do Planalto, Daciolo desapareceu e informou à imprensa que estava fazendo um retiro espiritual de 21 dias, em jejum e com muita oração, numa área de mata do Rio. Ainda que estivesse em lugar ermo, o pastor militar aproveitava para divulgar vídeos de sua experiência como eremita cristão.