Em mensagem à coluna da jornalista Mônica Bergamo, publicada na edição deste sábado (9) da Folha de S.Paulo, o ex-secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, pede perdão a Jair Bolsonaro e à comunidade judaica pelo vídeo com conotação nazista que motivou sua saída do governo - e, segundo ele, "quase me custou a vida".
No texto, Alvim diz ainda que não sabia que a mensagem repetia frase de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolph Hitler.
"Reitero que ignorava a origem nefasta da frase, e que se soubesse, jamais a teria pronunciado. A frase em si não tinha nenhuma conotação nazista, por isso não percebi nada de errado. De qualquer forma, mesmo ignorando, ter deixado aquilo passar no meu discurso foi um engano terrível —que, repito, quase me custou a vida. Pedi e peço novamente perdão por isso a todos que feri e decepcionei, incluindo o presidente Jair Bolsonaro e, sobretudo, a comunidade judaica, pela qual nutro respeito e amor incondicionais", diz.
No vídeo, com forte estética nazista, Alvim fez uma adaptação da frase de Goebbels (leia a comparação aqui) dizendo que "a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.
À época, após ser demitido do cargo por causa da forte repercussão do vídeo, Alvim publicou nota dizendo que foi “apenas uma coincidência retórica” o uso de uma frase do ministro da Propaganda nazista.
“Não há nada de errado com a frase. Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com UMA frase de um discurso de Goebbles. Não o citei e jamais o faria. Foi, como eu disse, uma coincidência retórica. Mas, a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo é o que queremos ver na Arte nacional”, escreveu em seu perfil nas redes sociais, que depois foi deletado.
"Maldito discurso"
Na carta à Mônica Bergamo, Alvim diz que "não tenho medo de afirmar que cometi poucos erros em minha vida", ressaltando, no entanto, que "meu maior erro, sem nenhuma dúvida, foi esse maldito discurso".
Leia a carta na íntegra na coluna de Mônica Bergamo