Eram 2h da madrugada desta quarta-feira (27) quando a mãe da covereadora da Bancada Ativista de São Paulo Carol Iara ouviu dois disparos na porta de sua casa. “Ela veio me chamar, tinha aberto a janelinha da porta e sentiu cheiro de pólvora”, conta Carol, ainda assustada com o que ocorreu. Elas esperaram até hoje de manhã, quando viram tanto no muro externo, como na parede da sala para o lado de fora as marcas dos tiros. “O percurso da bala na parede dá direto a uma fresta, para dentro da casa, naquele momento me dei conta que era um atentado político”, diz a covereadora.
Um vizinho disponibilizou imagens de uma câmera de segurança, que mostra um veículo pálio branco estacionando em frente à casa da covereadora na mesma hora em que sua mãe e a vizinhança ouviram os disparos. “Não dá pra ver quem faz os disparos, mas logo depois o carro sai em disparada.”
Carol Iara não tem dúvidas que foi um atentado político contra uma covereadora trans, em plena Semana da Visibilidade Trans, quando estão sendo realizadas diversas atividades. Sexta-feira, dia 29/1, é o Dia da Visibilidade Trans.
Carol diz que nunca sofreu qualquer tipo de ameaça desde as eleições e em sua militância política. Mas acredita que o atentado pode ser fruto de “incômodos que se encontram: um incômodo na política, uma mulher negra e trans, mas também o incômodo do modo como faço política, da minha militância, de eu ser combativa, de esquerda. É um ódio ao meu corpo, ao que eu represento”.
Na tarde desta quarta, a covereadora realiza um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Proteção à Pessoa em São Paulo. Ela chama a atenção para a necessidade de que haja investigação para saber quem fez e quem mandou fazer os disparos. E que também o Estado cumpra o seu papel de garantir sua segurança para poder fazer seu trabalho.
A Bancada Feminista do PSOL foi eleita para a Câmara Municipal de São Paulo na eleição de outubro de 2020 com 46.267 votos. Carol Iara é uma das covereadoras da bancada, mulher intersexo, travesti, positHIVa e negra.
Além de Carol, fazem parte da bancada a professora Silvia Ferraro, a ativista Paula Nunes, a advogada Dafne Sena e a tradutora Natália Chaves.